Forças sírias matam 6 em ataque a mesquita, dizem moradores

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Por KHALED YACOUB OWEIS
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Forças sírias mataram pelo menos seis pessoas nesta quarta-feira em um ataque contra uma mesquita na cidade de Deraa, no sul do país, local de protestos sem precedentes que desafiam o regime do presidente Bashar al-Assad. Assad, um aliado próximo do Irã, desempenha um papel-chave no vizinho Líbano e apoia grupos de militantes que se opõe a Israel. Ele desdenhou dos pedidos por reformas na Síria, onde seu Partido Baath monopoliza o poder há 48 anos. Entre os mortos estão Ali Ghassab al-Mahamid, proeminente médico da família Deraa, que foi à mesquita de Omari, na parte velha da cidade, para ajudar vítimas do ataque, que aconteceu logo depois da meia-noite, segundo moradores que pediram para não terem seus nomes revelados. Imagens colocadas no Youtube mostram o que parece ser a rua em frente à mesquita antes do ataque, com o som de tiros e uma pessoa no chão gritando: "Irmão, não atire. Este país é grande o bastante para mim e para você". Antes, forças de segurança atacaram a mesquita, ponto focal das manifestações em Deraa. A eletricidade foi interrompida e os serviços de telefone afetados. Gritos de "Allah Akbar (Deus é Grande)" foram ouvidos em bairros próximos antes do início do tiroteio. "Autoridades sírias acham que podem matar manifestantes pacíficos e democráticos impunemente", disse o defensor sírio dos direitos humanos Haitham al-Manna à emissora BBC de Paris, onde está exilado. Em comunicado oficial, o governo da Síria afirmou: "Partes externas estão transmitindo mentiras sobre a situação em Deraa". O governo responsabilizou "gangues armadas" pela violência. O comunicado disse que o médico Mahamid, morto quando estava em uma ambulância que havia chegado ao local para resgatar feridos, "foi atacado por uma gangue armada". "Forças de segurança confrontaram as gangues armadas perto da mesquita de Omari, atirando em vários de seus membros e prendendo outros. Um membro das forças de segurança foi morto", disse o comunicado. A nota acrescentou que as gangues "estocaram armas e munição na mesquita, e sequestraram crianças para usá-las como escudos humanos". A TV estatal mostrou imagens de pistolas, granadas e munição que, afirmou, ter sido encontrados na mesquita. Os ativistas, por outro lado, afirmam que a manifestação era pacífica e que não havia armas. (Reportagem adicional de Suleiman al-Khalidi)

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