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Fracassa negociação de oposição síria para formar governo de transição

Lutas de poder dentro da coalizão de 70 integrantes têm minado os esforços para chegar a um acordo

Atualização:

ISTAMBUL - Líderes da oposição síria disseram nesta segunda-feira, 21, que não conseguiram chegar a um acordo sobre um governo de transição para governar áreas controladas pelos rebeldes, em um novo golpe nos seus esforços para apresentar uma alternativa ao regime do presidente Bashar Assad. A Coalizão Nacional Síria (CNS) disse em um comunicado que um comitê de cinco integrantes iria apresentar propostas sobre a formação de um governo dentro de 10 dias, depois que as conversas em um hotel de Istambul terminaram sem um acordo sobre um primeiro-ministro interino. A formação de um governo é vista como uma ameaça para alguns integrantes da CNS, especialmente a Irmandade Muçulmana, que perderia influência se um corpo executivo menor for eleito. As negociações de Istambul, a segunda tentativa da oposição para formar um governo, só destacaram as divisões na coalizão e correm o risco de minar o apoio para o grupo formado há dois meses no Catar com apoio ocidental e do Golfo. Lutas de poder dentro da coalizão de 70 integrantes têm minado os esforços para chegar a um acordo sobre um governo de transição. "Este é um grande golpe para a revolução contra Bashar Assad", disse um líder da oposição síria que participou da reunião, mas que não quer ser identificado porque opera escondido na Síria. Ele disse que metade da CNS se opôs à ideia de um governo de transição por completo, mesmo depois que o grupo abandonou uma estipulação prévia de que os integrantes da coalizão não teriam permissão para servir no governo. A coalizão, dominada por islâmicos e seus aliados, disse na declaração que a sua comissão de cinco pessoas iria consultar as forças de oposição, o Exército Sírio Livre e países amigáveis sobre os compromissos políticos e financeiros necessários para fazer um governo viável. REBELDES INDISCIPLINADOS Fontes ligadas às negociações disseram no domingo que o presidente da CNS, Moaz Alkhatib, tinha voado para o Catar para garantir promessas de ajuda financeira para um governo de transição em áreas controladas pelos rebeldes. Alkhatib, um pregador de Damasco moderado, está no comitê junto com o empresário Mustafa al-Sabbagh, que é próximo do Catar, e com a figura tribal Ahmad Jarba, que tem boas relações com a potência regional Arábia Saudita. Rebeldes tomaram grandes áreas da Síria do controle das forças de Assad, mas o fracasso da oposição em prestar serviços básicos, crescentes relatos de indisciplina e saques por combatentes rebeldes têm minado o apoio público para sua causa.

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