Os Estados Unidos e a França afirmaram na segunda-feira que agora é o momento para impor novas sanções contra o Irã, depois que Teerã anunciou que planeja uma grande expansão em seu programa nuclear. O Irã disse que em breve começará a produzir combustível nuclear de grau mais elevado e adicionará 10 plantas de enriquecimento de urânio ao longo do próximo ano, aumentando os riscos do impasse com as potências ocidentais por conta de seus projetos relacionados a energia atômica. O ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, disse a jornalistas que não acredita que o Irã tenha capacidade para aumentar o nível de enriquecimento do urânio. "Portanto, isso é pura chantagem", afirmou ele. "A única coisa que podemos fazer, infelizmente, é aplicar sanções, dado que as negociações não são possíveis." Falando em um evento diferente, em Paris, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, também disse que era preciso aumentar a pressão. "Precisamos ainda tentar e encontrar uma forma pacífica para resolver essa questão. O único caminho que nos resta neste momento, me parece, é o caminho da pressão, mas isso exigirá que toda a comunidade internacional trabalhe junto", afirmou ele. Gates disse que a comunidade internacional "ofereceu ao Irã oportunidades múltiplas para fornecer garantias sobre suas intenções com relação ao seu programa nuclear". Os governos ocidentais estão convencidos de que o Irã está tentando se capacitar para desenvolver armas nucleares. Teerã afirma que o programa atômico é pacífico e destinado a produzir energia. Questionado sobre a possibilidade de um ataque israelense contra o Irã por causa do programa nuclear, Gates afirmou: "O interesse de todos é ver essa questão resolvida sem recurso ao conflito". Ele advertiu sobre o "perigo enorme" de proliferação nuclear no Oriente Médio, caso o Irã tenha sucesso em produzir uma bomba. Kouchner afirmou que todas as grandes potências, com a exceção da China, são favoráveis a uma quarta rodada de sanções coordenadas pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ele disse, no entanto, que não há um prazo para se chegar a um acordo e acrescentou que não teme que nenhuma ação israelense seja iminente. "Não, eu não me preocupo com isso no momento". (Texto de Anna Willard)