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Gaza ainda espera por ajuda prometida, diz ONU

Atualização:

Nenhum centavo do pacote de reconstrução prometido de 4,5 bilhões de dólares chegou à Faixa de Gaza por causa das restrições na fronteira, disse uma importante autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU) na quinta-feira. Os doadores internacionais prometeram o dinheiro em março para ajudar a economia palestina e a reconstrução de Gaza após três semanas de ofensiva militar israelense. O chefe da agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, John Ging, disse que Gaza ainda não havia se beneficiado de nada em razão das restrições sobre o fluxo de bens para dentro do território. "Não há perspectiva de recuperação ou de reconstrução até que possamos ter acesso aos materiais de construção", afirmou Ging. "Foram prometidos bilhões de dólares para a recuperação e a reconstrução e, no entanto, nada disso pode de fato se ligar àqueles cujas vidas foram destruídas", disse ele em uma entrevista coletiva durante uma viagem à sede da União Européia em Bruxelas. Israel disse ter aberto a fronteira de Gaza a quantidades maiores de alimentos e medicamentos desde a ofensiva de dezembro e janeiro contra militantes do Hamas que controlam o enclave palestino e estavam disparando foguetes contra cidades israelenses. A guerra destruiu cerca de 5 mil residências e, de acordo com dados de um grupo de direitos humanos palestinos, matou mais de 1.400 pessoas. Desde que o Hamas dominou a Faixa de Gaza em 2007 -- após uma guerra civil com a facção secular Fatah, do presidente palestino Mahmoud Abbas --, Israel intensificou o bloqueio à faixa de 45 quilômetros num esforço de enfraquecer o Hamas. O Egito também restringiu a movimentação na fronteira com Gaza. Ging disse que a comunidade internacional deveria encontrar uma solução para a questão das fronteiras e providenciar um melhor acesso de bens e serviços para os habitantes de Gaza. "Hoje o dinheiro está lá em promessas e o povo de Gaza continua a sobreviver nos destroços de suas vidas anteriores e, infelizmente, a atenção do mundo foi para outro lado, o que aumenta o desespero das pessoas", disse ele. Robert Serry, coordenador especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, disse em uma visita a Gaza na quinta-feira que a situação era alarmante e advertiu que questões como a reconciliação palestina e a segurança nas fronteiras deveriam ser consideradas. "Na ausência de progresso real em questões como reconciliação palestina, abertura das passagens, segurança das fronteiras e troca de prisioneiros, o potencial para mais violência está sempre presente", afirmou Serry em um comunicado.

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