Hamas consegue apoio popular em meio a ataques israelenses

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Por NIDAL AL-MUGHRABI
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Enquanto Israel bombardeava alvos militantes palestinos na Faixa de Gaza pelo quinto dia, Ali Al-Ahmed foi às ruas da cidade de Gaza de pijama, neste domingo, para comprar ovos e chocolate para seus três filhos. "Horripilante, é assim que é", disse. "Mas eles também estão aterrorizados do outro lado da fronteira" disse. "Para ser honesto, eu achava que o Hamas tinha se esquecido como combater Israel. Eu estava errado." Isso soará como música para os ouvidos do movimento islâmico que governa a faixa de terra onde 1,7 milhão de pessoas estão confinadas desde 2007, quando o governo do Hamas, hostil a Israel, assumiu o controle local. Em conflitos anteriores, entre 2008 e 2009, muitos rivais palestinos culparam os foguetes disparados pelo Hamas pelas operações militares israelenses em Gaza. Essa guerra terminou com 1.400 palestinos mortos e um território marcado por bombardeios e invasões. Israel perdeu 13 vidas na batalha. Agora é diferente. A Primavera Árabe mudou o Oriente Médio, e o Hamas tem armas mais poderosas. Muitas páginas do Facebook expressam alegria indisfarçada pela busca dos israelenses por um lugar seguro, e dois cantores da Cisjorsdânia fizeram de "Strike tel Aviv"("Ataquem Tel Aviv") um hit do YouTube, elogiando o Hamas e outros grupos por dispararem foguetes que ameacem Tel Aviv e Jerusalém pela primeira vez. "Hoje, tiramos nosso chapéu para o Hamas", disse Talal Okal, um analista político de Gaza que normalmente é crítico ao movimento. "Eles parecem organizados, cientes do que estão fazendo e prontos para pagar o preço para cumprir sua agenda. Pessoas ordinárias só podem admirá-los hoje." "Israel não pode mais prever o que os líderes árabes podem fazer se uma ofensiva acontecer em solo, certamente não sabem o que o presidente do Egito, Mohammed Mursi, pode fazer sob pressão da Irmandade Muçulmana e outros partidos seculares e islâmicos." "Talvez Israel não se preocupe muito, mas seus aliados americanos e europeus, sim. Eles se importam com seus próprios interesses no Oriente Médio, o novo Oriente Médio." Embora os foguetes de longo alcance disparados contra Tel Aviv não tenham causado vítimas ou danos, graças primordialmente aos interceptores do Estado judaico, o Hamas está contente ao ver israelenses correndo por abrigo em uma cidade que já foi imune a tais ataques. Essa ainda é uma batalha assimétrica nos números e resultados. Desde quando ela começou, na última quarta-feira, três israelenses foram mortos, contra 65 palestinos, a maioria civis. Ainda assim, os islâmicos acreditam que estão vencendo um importante round na batalha pela opinião pública mundial. Até o presidente palestino, Mahmoud Abbas — uma personalidade zombada pelo Hamas por reconhecer Israel e renunciar à violência — chamou seus líderes para expressarem sua solidariedade e prontidão para fazer o possível para encerrar as ações militares israelenses. Lojas e escolas permanecem fechadas em Gaza, mas os poucos que estão nas ruas comemoram cada vez que ouvem o som de foguetes que possam estar sendo disparados contra Tel Aviv. "Se duramos 22 dias na última guerra, agora estamos mais prontos para manter isso por mais tempo, e os soldados deles, não", afirmou Abu Ubaida, porta-voz da ala armada do Hamas, as Brigadas Izz el-Deen Al-Qassam. Ainda há, contudo, a ameaça de outra invasão israelense, como a que ocorreu em janeiro de 2009. O Hamas não tem veículos blindados ou tanques, mas agora possui alguns modernos mísseis antitanques, e o Hamas diz que surpreenderá seus inimigos se Gaza for invadida.

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