O governo do Hamas na Faixa de Gaza anunciou nesta quarta-feira, 28, que se recusará a organizar as eleições de 24 de janeiro convocadas pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e líder do Fatah, Mahmoud Abbas, porque foram decretadas sem consenso com o partido extremista.
Em comunicado, o Ministério do Interior do Executivo islâmico ressalta que a chamada às urnas "procede de alguém que não tem o direito" a isso, em referência a que o mandato presidencial terminou tecnicamente em janeiro deste ano, embora Abbas se mantenha no cargo.
O ministério também rejeita a convocação de eleições legislativas e presidenciais, já que foram decretadas, na sexta-feira passada, sem um acordo prévio de reconciliação com o Fatah, que mediadores egípcios tentavam conseguir há mais de um ano. A nota adverte, inclusive, que interrogará quem participar do pleito.
O Hamas controla a Faixa de Gaza desde junho de 2007 e a ANP de Abbas exerce seu poder na Cisjordânia, por isso permanece a incógnita de como acontecerão as eleições no primeiro território.
Nesta semana, o Centro Palestino pelos Direitos Humanos, com sede em Gaza, reconheceu, em comunicado, que a convocação de Abbas era legal, mas a considerou um erro, porque aprofunda a brecha entre os dois principais movimentos palestinos.
O deputado do Hamas Yahia Moussa disse que seu movimento impedirá que o Comitê Central Eleitoral prepare o pleito em Gaza. "O decreto de Abbas de convocação de eleições sem acordo nacional é, na prática, inútil, ilegal e inconstitucional, por isso tudo que vier por causa desse decreto também será inútil", disse.