Hamas tenta impor rigor islâmico aos trajes em Gaza

Regras restringem o cotidiano dos moradores; manequins de lojas não podem ser exibidos com pouca roupa

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Por Associated Press
Atualização:

A polícia deu ordens para que os vendedores de uma loja ocultassem os manequins exibidos na vitrine com pouca roupa. Um juiz determinou que as advogadas usassem o véu islâmico nas salas de audiência. Na praia, patrulhas dispersaram grupos de pessoas e ordenaram que os homens colocassem camisa. Tudo isto faz parte de uma nova campanha do Hamas para os moradores de Gaza seguirem um estilo de vida rigorosamente muçulmano.

 

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As novas medidas mostram que o Hamas, depois de consolidar seu domínio sobre Gaza, sente-se agora com força para estender sua ideologia para a vida particular do cidadão. O grupo diz que a adesão à "campanha de virtude" é voluntária e apenas responde a uma preferência dos cidadãos pelos hábitos conservadores. As regras, porém, são vagas e há notícias de que supostos infratores foram espancados e professores foram intimados a pressionar as meninas a usar o véu islâmico.

 

A campanha é um retrato da diferença entre Cisjordânia e Gaza - duas partes do território palestino. Enquanto o Hamas impõe suas normas de conduta, Gaza continua pobre por causa do embargo internacional. Já a Cisjordânia desfruta de uma retomada econômica em razão da ajuda externa.

 

"Eles querem islamizar Gaza", disse Khalil Abu Shamala, ativista de direitos humanos. A "campanha da virtude" é difundida pelo Ministério de Assuntos Religiosos, que elaborou uma lista do que "pode" e do que "não pode" ser feito. A campanha também promove a separação de sexos em festas de casamento e pede que os adolescentes evitem música pop com letras muito sugestivas.

 

Para Hamdi Shakour, outro ativista de direitos humanos, a culpa é do bloqueio imposto por Israel e Egito depois que o Hamas expulsou o Fatah de Gaza. Shakour diz que o isolamento trouxe o "extremismo e ideias sombrias".

 

A polícia fiscaliza o cumprimento das restrições. Segundo os lojistas, os policiais arrancam as etiquetas dos pacotes de meias e sutiãs que trazem fotos de mulheres com roupas íntimas. Alguns comerciantes foram obrigados a remover as cabeças dos manequins para não violar a proibição islâmica de copiar a forma humana.

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