17 de agosto de 2010 | 11h48
BEIRUTE - O Líbano entregou à Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira, 17, material fornecido pelo Hezbollah como evidências que provam a ligação de Israel com o assassinato do então primeiro-ministro libanês, Rafik Hariri, em 2005.
Israel rejeitou as acusações e as considerou "ridículas". Uma equipe da ONU investiga o assassinato de Hariri há anos, mas nunca apontou o envolvimento do Estado judeu no caso, o que o Hezbollah considera um erro de investigação.
O Hezbollah disse que enfrentará os indiciamentos do tribunal que investiga o assassinato de Hariri e diz que o órgão não tem credibilidade. O grupo militante acusa Israel pelo caso, o que é considerado como uma tentativa de tirar as atenções das possíveis acusações contra o próprio Hezbollah.
Hariri foi morto na explosão de um carro-bomba em 2005. Muitos apontaram a Síria como responsável pelo caso. A Síria, que apoia o Hezbollah, negou participação. O premiê era um bilionário conhecido por seus esforços na reconstrução do Líbano depois de uma guerra civil de 15 anos e tentava lutar contra a dominação Síria nos meses anteriores ao seu assassinato.
Sua morte acarretou no início de vários protestos anti-Síria em todo o Líbano, um episódio conhecido como Revolução do Cedro, o que levou Damasco a retirar todos os seus soldados do Líbano.
Na última semana, o Hezbollah apresentou imagens que disse ser fotos aéreas que provavam o envolvimento de Israel no caso. Em uma conferência televisionada, o líder do grupo, Sheik Hassan Nasrallah, disse que as imagens foram adquiridas pelos militantes entre 1990 e 2005 e mostravam como os israelenses sabiam o lugares que Hariri frequentava, inclusive onde havia sido morto.
Nasrallah reconheceu que o material não constitui uma prova absoluta do envolvimento de Israel, mas que poderia "abrir novos horizontes para a investigação". O Hezbollah entregou as gravações à promotoria geral do Líbano, que então repassou à ONU.
Se o tribunal indiciar o Hezbollah, há temores de que a decisão possa dar início a conflitos entre os sunitas, apoiadores de Hariri, e os xiitas, partidários do Hezbollah.
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