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Human Rights Watch acusa Israel por ataques teleguiados a Gaza

Por DAN WILLIAMS
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Aviões israelenses não-tripulados, equipados com mísseis, mataram ilegalmente pelo menos 29 civis palestinos durante a guerra na Faixa de Gaza, afirmou nesta quinta-feira a entidade Human Rights Watch. Apesar de possuírem dispositivos avançados de vigilância, os operadores dessas aeronaves não tiveram a cautela apropriada, "como determinam as leis de guerra", para verificar se seus alvos eram combatentes, disse a entidade, que monitora os direitos humanos e tem sua sede em Nova York. A Human Rights Watch divulgou um relatório de 39 páginas que aponta seis supostos ataques por esses aparelhos, operados por controle remoto. Israel tem uma frota de aviões teleguiados de espionagem, também conhecidos como Veículos Aéreos Não-Tripulados (UAVs,na sigla em inglês), mas se recusa a confirmar ou negar que alguns desses aparelhos também carreguem armas, como se supõe. Os militares israelenses questionaram os métodos de pesquisa da Human Rights Watch -- crítica endossada por alguns peritos independentes -- e afirmaram em um comunicado que as ações de Israel "estão em conformidade com a lei internacional, bem como as armas e munições que o país utiliza." Israel lançou em dezembro e janeiro uma ofensiva para conter o lançamento de foguetes por militantes da Faixa de Gaza, território governado pelo grupo Hamas, e vem enfrentando críticas do exterior pela matança de cerca de 1.400 palestinos, durante os combates. A Human Rights Watch fundamentou sua descoberta principalmente no exame dos destroços de ataques com os mísseis israelenses Spike, que são disparados pelos teleguiados, segundo a entidade. O relatório também pede a Israel que publique fotos das imagens de observações feitas pelos aparelhos não tripulados, para mostras como os alvos são identificados. O fabricante estatal do Spike, a Rafael Advanced Defense Systems Ltd., diz que o míssil, exportado amplamente, pode ser disparado de helicópteros e unidades navais e de infantaria. Ao lhe perguntarem como é possível saber que os Spikes tinham sido lançados por aviões teleguiados, o analista militar sênior da Human Rights Watch, Marc Garlasco, citou depoimentos de palestinos que disseram ter visto ou ouvido o barulho dos aparelhos não tripulados. PROVAS QUESTIONADAS O valor dessas provas foi questionado por Robert Hewson, editor da Jane's Air-Launched Weapons, publicação especializada em armamentos. Hewson disse que embora aviões teleguiados voando a baixa altitude sejam vistos com frequência, o aparelho pode alcançar alturas operacionais de 4.000 metros, que dificultariam sua visibilidade. O lançamento de um míssil nessa altitude provavelmente não seria perceptível a olho nu. Garlasco disse não saber a qual altitude estavam os aviões descritos no relatório da Human Rights Watch. Ele também afirmou que dois dos incidentes mencionados no relatório ocorreram no fim da tarde ou à noite -- um obstáculo a mais para o testemunho ocular. "A Human Rights Watch faz uma porção de alegações ou suposições sobre armas e aviões teleguiados, das quais todas são bastante especulativas porque temos muito poucas provas", disse Hewson. Segundo Garlasco, moradores ouviram o ruído dos instrumentos propulsores dos aviões teleguiados durante os supostos ataques aéreos em vez dos rotores que poderiam indicar que os mísseis foram disparados de helicópteros. O coronel reformado do Exército britânico Richard Kemp, veterano do Iraque e Afeganistão, pôs em dúvida a possibilidade se serem feitas essas distinções, considerando entre outros fatores que o alcance do Spike é de oito quilômetros -- suficiente para deixar navios ou helicópteros fora do alcance auditivo.

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