Inteligência dos EUA não crê em liderança de Maliki

Relatório questiona capacidade de premiê em unificar país, mas aponta progresso militar americano

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Por Efe
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A comunidade de inteligência dos EUA duvida da capacidade do primeiro-ministro Nuri al-Maliki para unificar o Iraque, segundo um relatório que será tornado parcialmente publico nesta quinta-feira, 23.   Veja Também Bush cita Vietnã para defender permanência Democratas criticam comparação com Vietnã   O relatório conclui que o já abalado governo Maliki ficará ainda mais enfraquecido nos próximos meses e suas forças de segurança não evoluíram o suficiente para atuar sem ajuda exterior. A nova Estimativa da Inteligência Nacional será divulgada mais tarde nesta quinta-feira, mas a Associated Press conseguiu uma cópia antecipada do texto.   Apesar de melhorias pontuais, os analistas de inteligência concluíram que o nível geral de violência é alto, que grupos sectários iraquianos continuam irreconciliáveis, e que a Al-Qaeda no Iraque ainda é capaz de promover ataques espetaculares.   "Líderes políticos iraquianos continuam incapazes de governar efetivamente", diz o documento de 10 páginas. A divulgação do relatório acontece em um momento de tensão entre as administrações americana e iraquiana. Ao longo da semana, ao menos dois legisladores americanos fizeram apelos para que o parlamento iraquiano destitua o premiê. Na terça-feira, foi a vez do presidente Bush expressar "um certo grau de frustração" com o governo Iraquiano.   As críticas levaram a uma áspera reação de Maliki, que em viagem a Síria na quarta-feira, 22, respondeu: "Ninguém tem o direito de impor regras para a administração iraquiana. Ela foi eleita pelo seu povo." A repercussão da troca de farpas fez o presidente Bush mudar rapidamente um discurso que faria na quarta-feira pra reiterar seu apoio a Maliki.   O relatório foi desenvolvido em colaboração entre todas as 16 agências de inteligência americanas, entre elas a CIA, a Agência de Inteligência de Defesa e organizações de inteligência de cada uma das Forças Armadas.   Melhora na segurança   Apesar do pessimismo quanto aos avanços políticos, o documento mostra algumas melhorias nos esforços militares dos últimos meses, depois que os Estados Unidos enviaram mais 30 mil homens para incrementar os 135 mil soldados já presentes no país.   Segundo o relatório, o trabalho das forças de segurança iraquianas em parceria com as tropas americanas teve um resultado "adequado". No entanto, o texto afirma que os iraquianos não mostraram melhorias suficientes para conduzir operações sem as tropas americanas.   O relatório prevê que o governo iraquiano "se tornará mais precário nos próximos de seis a 12 meses", principalmente devido a perda de apoio de partidos e clérigos xiitas, como o Aiatolá Ali al-Sistani, assim como de facções sunitas e curdas.   O texto também expressa dúvidas quanto a capacidade de Maliki em sobrepor as divisões sectárias que castigam o país, assim como o cumprimento dos prazos determinados para que se consiga uma unidade política entre os diferentes grupos sectários que compõe o Parlamento. Segundo as agências de inteligência, as facções xiitas procuram formas de constranger o premiê.   "As tensões causadas pela situação da segurança e a falta de líderes chaves geraram divisões políticas internas, diminuindo a velocidade na tomada de decisões e elevando a vulnerabilidade de Maliki para conseguir formar coalizões alternativas", diz o documento.   Apesar do tom pessimista do relatório e das recentes críticas de legisladores americanos e, de certa maneira, do próprio Bush, funcionários da Casa Branca afirmam que não há discussões no governo para que haja mudança na liderança iraquiana.   De acordo com as fontes ouvidas pela AP, a administração acredita que qualquer um enfrentaria as mesmas dificuldades de Maliki.

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