Irã aceita mediação do Brasil para troca de combustível nuclear

Acordo é proposta da AIEA, mas foi inicialmente rejeitado pelo governo iraniano

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Atualização:

TEERà- O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, concordou "em princípio" com uma mediação do Brasil para ressuscitar um acordo apoiado pela ONU para a troca de combustível nuclear com potências mundiais, informou nesta quarta-feira, 5, a agência de notícias semioficial iraniana Fars.

 

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Veja também:especialEspecial: O programa nuclear do IrãAs potências veem o acordo como uma forma de retirar boa parte do urânio de baixo enriquecimento do Irã, o que minimizaria o risco desse material ser usado para armas atômicas. Pelo acordo, o Irã receberia combustível especialmente processado para manter funcionando seu programa de medicina nuclear. A proposta, porém, tem encontrado dificuldades por conta da insistência do Irã de realizar a troca somente em seu território, em vez de enviar o material para o exterior primeiro. "Em uma conversa por telefone com seu colega venezuelano, Ahmadinejad concordou em princípio com a mediação do Brasil no acordo de troca de combustível nuclear", disse a Fars, citando um comunicado divulgado pelo gabinete do presidente iraniano. A ideia do acordo surgiu em negociações conduzidas em outubro do ano passado pelo órgão regulador de energia nuclear da ONU, que pedia que o Irã enviasse 1.200 quilos de seu urânio de baixo enriquecimento - o suficiente para a fabricação de uma bomba se enriquecido no patamar necessário - para a França e para a Rússia, onde seria convertido em combustível para um reator de pesquisas em Teerã, que fabrica isótopos para o tratamento do câncer. As potências se recusaram a reescrever o acordo para atender as exigências iranianas.

 

Sanções

Os EUA pressionam o Conselho de Segurança da ONU para apoiar uma quarta rodada de sanções internacionais contra o Irã nas próximas semanas. O objetivo é levar o Irã a reduzir suas atividades de enriquecimento de urânio. O Irã afirma que seu programa de energia nuclear tem o único objetivo de gerar eletricidade, mas o fato de o país não declarar atividades atômicas sensíveis para a ONU e manter as restrições às inspeções das Nações Unidas tem diminuído a confiança no exterior.

Alguns membros não-permanentes do Conselho de Segurança, como Brasil e Turquia, tem buscado ressuscitar o acordo de troca de combustível na tentativa de evitar a imposição de novas sanções à República Islâmica. O Brasil afirma ser favorável a ressuscitar o compromisso pelo qual o Irã exportaria seu urânio para outro país em troca do combustível nuclear que o país afirma ser necessário para manter seu reator em Teerã funcionando. Não ficou claro se Ahmadinejad aceitou que a troca seja feita num terceiro país, o que representaria uma grande mudança na posição iraniana. "Ahmadinejad também disse que as questões técnicas devem ser discutidas em Teerã", disse a Fars.

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