TEERÃ- O Irã não está disposto a discutir temas relativos a seu programa nuclear na próxima rodada de negociações com a comunidade internacional se não forem aceitas suas condições, advertiu neste domingo, 31, Ali Akbar Javanfakr, um dos principais assessores do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
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As declarações do assessor coincidem com o discurso do ministro de Relações Exteriores iraniano, Ramin Mehmanparast. O chanceler afirmou hoje que seu país pode alcançar "sérios acordos" com o grupo 5+1 - integrado pelos membros permanente do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha - se os "direitos da nação iraniana forem respeitados".
Em afirmações divulgadas pela agência de notícias Fars, Javanfakr, assessor de imprensa internacional e diretor da agência de notícias estatal Irna, assegurou que o Irã exigirá que sejam detalhadas outras questões, como a do arsenal nuclear israelense.
"Não discutiremos com o Ocidente sobre a energia nuclear porque criticamos esses países em todos os campos. Só negociaremos se algumas questões forem abordadas de forma correta", acrescentou.
Segundo o acordo anunciado pelo Irã e pelo 5+1, as conversas serão retomadas durante o mês de novembro em Viena.
Ahmadinejad lembrou durante o fim de semana que seu país estabeleceu várias condições para a recuperação do diálogo e espera pelo pronunciamento do 5+1, representado pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.
"Impusemos nossas condições e a outra parte deve responder sobre as regulações da Agência Internacional de Energia Atômica, seus objetivos na negociação e as bombas atômicas do regime sionista (Israel)", afirmou.
Ahmadinejad considerou as sanções internacionais impostas a seu país como "a decisão mais ridícula" jamais adotada pela comunidade internacional.
"Impor sanções ao Irã é a decisão mais ridícula já adotada. Está condenada ao fracasso desde seu nascimento", afirmou o líder iraniano.
Tensões
As potências ocidentais acusam o Irã de esconder, sob seu programa nuclear civil, outro de natureza clandestina e aplicações bélicas, cujo objetivo seria a aquisição de armas atômicas. Teerã nega tais alegações.
As tensões sobre o programa nuclear iraniano se acirraram no final do ano passado após o Irã rejeitar uma proposta de troca de urânio feita por EUA, Rússia e Reino Unido. Meses depois, o país começou a enriquecer urânio a 20%.
Um acordo mediado por Brasil e Turquia para troca de urânio chegou a ser assinado com o Irã em maio. O acordo, porém, foi rejeitado pelo Grupo de Viena - composto por Rússia, França, EUA e AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) - e o Conselho de Segurança da ONU optou por impor uma quarta rodada de sanções ao país.