A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) criticou o Irã nesta segunda-feira, 16, por não cooperar o suficiente para esclarecer os assuntos mais polêmicos de seu programa nuclear e advertiu sobre uma diminuição no fluxo de informações sobre o tema.
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Segundo o último relatório do organismo nuclear da ONU, o Irã não oferece respostas convincentes para os assuntos mais delicados, como as possíveis dimensões militares de seu programa nuclear e a origem de uma nova unidade de enriquecimento de urânio.
No entanto, "a explicação do Irã sobre o propósito da instalação e a cronologia do projeto e da construção ainda precisam de mais esclarecimentos", prossegue o documento. A AIEA, com sede em Viena, é subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU).
A existência da usina foi revelada em setembro pelo primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, e pelos presidentes dos EUA, Barack Obama, e da França, Nicolas Sarkozy. O local foi visitado por inspetores da AIEA no mês passado.
No relatório da AIEA, há evidências de que a usina de Qom começou a ser construída em 2002, não em 2007, como haviam dito as autoridades iranianas. O documento ainda revela que a construção foi paralisada em 2004 e retomada em 2006.
Outro dado do relatório mostra que o Irã reduziu em 650 o número de centrífugas de enriquecimento de urânio em operação desde agosto, deixando 3.936 equipamentos funcionando. O total de máquinas instaladas, entretanto, cresceu para 8.692. As substituições foram realizadas provavelmente por falhas técnicas, segundo especialistas ocidentais.
A informação vem à tona horas depois de o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ter declarado que o impasse em torno do programa nuclear iraniano apenas prejudica o Ocidente e permite a Teerã buscar o avanço de sua tecnologia.
A cooperação com Teerã e seu programa nuclear "é benéfica para os ocidentais porque opor-se a isso tornará o Irã mais forte e avançado", declarou Ahmadinejad no fim da noite de domingo, segundo noticiou nesta segunda-feira a TV estatal da república islâmica.
Os comentários de Ahmadinejad surgem depois de Obama ter dito que "o tempo está se esgotando" para que o Irã responda à proposta por meio da qual o país receberia combustível nuclear de fora de forma a desfazer as preocupações do Ocidente com relação às intenções iranianas.
"Os inimigos politizaram a questão nuclear fazendo uso de toda a sua capacidade para tentar provocar a rendição da nação iraniana, mas foram derrotados", prosseguiu Ahmadinejad, segundo nota publicada na página da emissora estatal de televisão do Irã. "Os direitos básicos da nação iraniana não são negociáveis e a atividade nuclear do Irã ocorre totalmente sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)", declarou.
Os EUA e alguns de seus aliados suspeitam que o Irã desenvolva em segredo um programa nuclear bélico. O Irã sustenta que seu programa nuclear é civil e tem finalidades pacíficas, estando de acordo com as normas do Tratado de não-proliferação Nuclear, do qual é signatário.
(Com informações de Efe; Reuters e Associated Press)