Irã apresenta propostas e Ocidente intensifica pressão

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Por FREDRIK DAHL E REZA DERAKHSHI
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O Irã apresentou um pacote de propostas às potências mundiais na quarta-feira, no momento em que a pressão ocidental se intensificava por conversações "significativas" para resolver a disputa em torno de seu programa nuclear. Teerã disse que as propostas apresentadas dizem respeito a "várias questões globais" e representam "uma nova oportunidade de conversações e cooperação". Mas não ficou claro quais eram as propostas, nem se seriam o suficiente para evitar a ameaça de novas sanções sobre o Irã. Horas antes de o pacote ser entregue a representantes das potências mundiais no Irã, os EUA disseram que a República Islâmica está chegando mais perto da possibilidade de produzir bombas atômicas, graças ao armazenamento de urânio enriquecido. "Temos o receio sério de que o Irã esteja procurando, no mínimo, preservar a opção de produzir armas nucleares", disse o enviado dos EUA Glyn Davies numa reunião do conselho diretor, formado por 35 países, da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). "O Irã ou está muito perto de possuir ou já está de posse de urânio enriquecido em baixo grau em quantidade suficiente para produzir uma arma nuclear, se fosse tomada a decisão de enriquecê-lo em grau mais alto", disse Davies diante da agência de fiscalização nuclear da ONU. O diretor geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, afirmou que seus inspetores "têm preocupações sérias", mas que a agência não está em pânico. "Isso é porque não constatamos nenhum desvio de material nuclear (dos usos civis declarados), não constatamos a presença de componentes de armas nucleares. Não temos informações nesse sentido", disse ele. Mas a declaração de Davies aponta para a crescente inquietação do Ocidente diante dos avanços nucleares do Irã, que ocorrem em grande medida fora da visão pública devido às restrições impostas pelo Irã às inspeções da ONU. ElBaradei disse que materiais de inteligência sugerindo que o Irã tenha estudado ilicitamente como montar armas nucleares são sérios e que Teerã precisa tratar dessas questões, e não apenas divulgar negativas não substanciadas. "Se essas informações tiverem base, então é altamente provável que atividades de produção de armas nucleares tenham ocorrido no Irã", disse ele. O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad declarou na segunda-feira que o Irã está preparado para um diálogo sobre os problemas e desafios que o mundo enfrenta, mas insistiu que o país não vai recuar na questão nuclear. Ahmadinejad já fez pouco caso do prazo de final de setembro fixado pelo presidente norte-americano Barack Obama para um diálogo com as grandes potências sobre os trabalhos nucleares do Irã, dizendo que as discussões sobre esse tema estão "encerradas" e que Teerã não negociará sobre seus "direitos". O Irã, disse Ahmadinejad, está disposto a negociar e cooperar sobre a disponibilização "do uso pacífico de energia nuclear limpa" a todos os países e a prevenção da proliferação de armas nucleares. Obama já indicou que, se o Irã não aceitar iniciar negociações de boa fé até o final de setembro, enfrentará sanções internacionais muito mais duras, possivelmente tendo como alvo o setor petrolífero, crucial para o país. Em Viena, três grandes potências da União Europeia encorajaram o Irã a iniciar negociações nucleares substanciais "agora" e avisaram que Teerã não poderá fugir para sempre de uma investigação da AIEA. "As reações do Irã até agora não têm sido positivas ou satisfatórias", disse o embaixador da Alemanha, Ruediger Luedeking.

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