Irã considera tendencioso relatório de novo diretor da AIEA

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Por SYLVIA WESTALL
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O Irã acusou nesta quarta-feira o novo diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de divulgar um relatório tendencioso e incompleto sobre suas atividades nucleares. Esse foi o primeiro relatório da AIEA sobre o Irã sob a direção de Yukiya Amano. Ele sugere que o Irã continua buscando ativamente desenvolver armas nucleares --até agora, a agência dizia que o país fizera isso apenas no passado. O relatório causou alarme entre governos ocidentais e a Rússia, usando uma linguagem mais dura com o Irã do que na época em que o secretário-geral da entidade era o egípcio Mohamed ElBaradei, que deixou o cargo há três meses. Amano pediu ao Irã que coopere com a agência "sem mais demoras" para comprovar que seu programa de enriquecimento de urânio se destina apenas a fins pacíficos, como garante Teerã. "O relatório não é equilibrado e factual, já que não reflete adequadamente as explicações da República Islâmica do Irã para as questões (de) comunicação com a agência", disse o embaixador do país na AIEA, Ali Asghar Soltanieh, numa sessão a portas fechadas. Na semana passada, o Irã, dizendo-se frustrado com um plano apoiado pela AIEA para que o país recebesse combustível para um reator de pesquisas em Teerã, anunciou que passaria a enriquecer urânio até um grau de pureza de 20 por cento para alimentar esse equipamento. O relatório de Amano se queixava de que o Irã começou a colocar urânio em suas centrífugas para elevar o enriquecimento antes que os inspetores internacionais chegassem à usina de Natanz. Soltanieh negou isso e disse que a linha do relatório era "enganadora" porque o Irã havia avisado a AIEA de antemão. Afirmou ainda que o relatório é tendencioso ao citar informações ocidentais sobre os supostos estudos para a militarização do programa atômico. "O fato de que o material dos supostos estudos carece de autenticidade, conforme declarado pelo ex-diretor-geral, está faltando neste relatório." Em novembro, ElBaradei disse em seu relatório final que o Ocidente apresentava evidências "convincentes", mas que não haviam sido totalmente autenticadas. O relatório de Amano será debatido durante a reunião dos 35 países que formam a direção da AIEA, que começa na segunda-feira e dura uma semana.

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