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Irã eleva enriquecimento de urânio nos próximos dias, diz AIEA

Atualização:

O Irã informou aos inspetores nucleares que iniciará nos próximos dias o enriquecimento de urânio a 20 por cento, depois de preparativos que vêm sendo realizados desde segunda-feira, segundo um memorando confidencial da Organização das Nações Unidas (ONU) obtido pela Reuters. O Irã, que até agora enriquece urânio a 3,5 por cento, anunciou na terça-feira que havia iniciado o processo de purificação do material até 20 por cento. O enriquecimento é uma etapa importante para o desenvolvimento de armas nucleares, conforme suspeita o Ocidente. Teerã garante que suas atividades são pacíficas e se destinam apenas à geração de eletricidade com fins civis. O memorando assinado por Yukiya Amano, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), disse que o Irã recalibrou 164 das suas milhares de centrífugas para fazer um enriquecimento mais elevado na usina de Natanz. Amano sugeriu estar preocupado com a falta de aviso prévio da operação. De acordo com ele, a agência foi informada na segunda-feira e pediu ao Irã que esperasse até que os inspetores ajustem seus procedimentos e recebam esclarecimentos técnicos e sobre a duração prevista do programa. "Na quarta-feira, quando os inspetores da agência chegaram à planta-piloto, foram informados de que o Irã havia começado a alimentar o urânio baixamente enriquecido em uma cascada (rede de centrífugas) na noite anterior, para fins (de testes)", disse o memorando. Um diplomata familiarizado com as operações da AIEA disse à Reuters que "a agência deveria ter sido alertada antes." "Parece que o confronto (do Irã com o Ocidente) vai aumentar", acrescentou. Também na quarta-feira, a principal autoridade nuclear do Irã disse que ainda é possível um acordo pelo qual o país entregue seu estoque de urânio em troca de combustível enriquecido para o seu reator de pesquisas. Nesse caso, segundo Ali Akbar Salehi, o Irã poderia parar de produzir o urânio enriquecido a 20 por cento. Mas ele reiterou a exigência de que a troca seja imediata e ocorra em território iraniano -- condição que o Ocidente rejeita de antemão. O acordo seria uma garantia de que o Irã não teria material para enriquecê-lo até níveis necessários para o uso em armas nucleares, cerca de 90 por cento. (Reportagem por Mark Heinrich)

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