Irã está preparado para negociação nuclear com Ocidente

TV diz que embaixador iraniano na Agência Nuclear da ONU está disposto a negociar, mas sem pré-condições

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Por Reuters
Atualização:

Um alto funcionário do governo iraniano disse que o Irã está disposto a negociar com o Ocidente o futuro do seu programa nuclear, desde que sem pré-condições e com respeito mútuo, informou a TV estatal nesta terça-feira, 18.

 

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Os Estados Unidos deram prazo até setembro para que o Irã aceite uma proposta internacional para receber benefícios comerciais em troca de suspender seu programa de enriquecimento de urânio. Do contrário, o país estaria sujeito a novas sanções. Não é a primeira vez que o Irã se diz disposto a negociar com o Ocidente, mas o anúncio de terça-feira deve representar uma surpresa positiva para Washington, diante da tensão política dentro da República Islâmica após a reeleição do presidente linha-dura Mahmoud Ahmadinejad. "A conversas sem pré-condições são a principal posição do Irã nas negociações acerca da questão nuclear", disse o embaixador do Irã junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), Ali Asghar Soltanieh, segundo a TV estatal. "Soltanieh anunciou a disposição do Irã em participar de quaisquer negociações com o Ocidente com base no respeito mútuo", disse a reportagem da emissora.

 

O Ocidente acusa o Irã de estar desenvolvendo armas nucleares, enquanto Teerã garante que seu objetivo é apenas gerar eletricidade com fins civis. As denúncias de fraude e os protestos pós-eleitorais no país mergulharam o Irã na sua pior crise interna desde a Revolução Islâmica de 1979, expondo profundas divisões na elite governante e piorando ainda mais as relações com o Ocidente. A liderança do regime acusou Washington de estimular os protestos, e os EUA condenaram duramente a repressão do governo às manifestações. No mês passado, o presidente reeleito Mahmoud Ahmadinejad prometeu "derrubar a arrogância global," numa alusão aos EUA e seus aliados. Obama inicialmente deu prazo de um ano para que seu governo revisse suas políticas de envolvimento com o Irã, mas depois antecipou a data para setembro, de modo a coincidir com uma reunião do G20 (bloco de países desenvolvidos e emergentes). Teerã vem evitando há meses uma resposta, o que segundo diplomatas ocidentais serve para que o governo ganhe tempo no enriquecimento de urânio. Questionado sobre o prazo de setembro, um porta-voz da chancelaria iraniana disse em julho que "o povo iraniano sempre saúda o diálogo, mas dentro de um marco que salvaguarde nossos interesses nacionais". "Naturalmente levamos a sério a defesa dos nossos direitos nucleares... e não iremos aceitar quaisquer limites a esse respeito," acrescentou o porta-voz.

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