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Irã nega que presos em protestos eleitorais foram estuprados

Denúncia foi feita por Karoubi, um dos oposicionistas derrotados; chefe de polícia também rejeita acusação

Atualização:

O presidente do Parlamento do Irã, Ali Larijani, rejeitou nesta quarta-feira, 12, as acusações de um líder oposicionista de que moderados teriam sido estuprados depois de serem presos durante os protestos que se seguiram à eleição presidencial de junho. "Com base nas investigações parlamentares, os detentos não foram estuprados ou sexualmente abusados nas prisões iranianas de Kahrizak e Evin. Essas acusações são totalmente infundadas", disse Larijani, segundo relato da TV estatal. Mehdi Karoubi, candidato derrotado à presidência, disse no domingo que alguns manifestantes, tanto homens quanto mulheres, foram violentados na prisão. Muitos presos políticos foram mantidos na penitenciária de Kahrizak, na zona sul de Teerã, construída para abrigar consumidores de substâncias proibidas. Pelo menos três pessoas morreram sob custódia no local, e os relatos de abusos contra detentos provocaram indignação no país. As acusações de abuso sexual, rejeitadas também pelo chefe de polícia de Teerã, criaram mais um atrito entre políticos conservadores, que em geral apoiaram a polêmica reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Acusações de fraude lançadas pela oposição depois do pleito mergulharam o Irã na sua pior crise interna desde a Revolução Islâmica de 1979. A cúpula do regime, no entanto, colocou-se ao lado de Ahmadinejad e aprovou o resultado eleitoral. Uma comissão criada por Karoubi e por outro ex-candidato, Mirhossein Mousavi, apresentou na segunda-feira ao Parlamento uma lista de 69 pessoas mortas nos protestos. A cifra oficial é de 26 mortos. Mohsein Rezaie, candidato conservador à presidência, disse que as autoridades responsáveis deveriam ser levadas a julgamento se for comprovado que houve abuso contra os detentos. "Se os relatos de maus tratos e abusos de detentos e manifestantes foram provados, todas as autoridades encarregadas deveriam pelo menos ser afastadas e julgadas na corte, e um dia de luto nacional deveria ser declarado", disse Rezaie à agência semioficial de notícias Ilna. A entidade Anistia Internacional pediu nesta quarta-feira ao Irã que autorize monitores internacionais a acompanharem os julgamentos de mais de cem pessoas acusadas de envolvimento nos protestos. "O julgamento atualmente em curso em Teerã parece não ser nada além de um 'julgamento de exibição', por meio do qual o líder supremo (aiatolá Ali Khamenei) e aqueles ao seu redor buscam deslegitimar os recentes protestos de massa, em geral pacíficos, e convencer um mundo cético de que Mahmoud Ahmadinejad foi reeleito limpamente para um segundo mandato como presidente", disse a secretária-geral da entidade, Irene Khan. Em julho, Khamenei determinou a desativação da prisão de Kahrizak. Autoridades admitem que alguns presos foram torturados no local, e dizem que o diretor foi detido. Larijani desafiou Karoubi a apresentar ao Parlamento provas das acusações de estupro. A minoria reforma do Parlamento também pediu aos detentos que relatem "casos de abusos", segundo a Ilna.

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