
09 de abril de 2009 | 10h04
Estados Unidos, Rússia, China, França, Alemanha e Grã-Bretanha disseram na quarta-feira que pedirão ao chefe da diplomacia da União Europeia, Javier Solana, que convide Teerã para um encontro destinado a buscar "uma solução diplomática para esta questão crítica".
O fato representa uma guinada no governo norte-americano de Barack Obama em relação ao seu antecessor, George W. Bush, que liderava os esforços para isolar o Irã, acusado pelo Ocidente de tentar desenvolver armas nucleares. Teerã diz que sua intenção é apenas gerar eletricidade com fins civis.
A China, que tem poder de veto no Conselho de Segurança e mantém estreita ligação comercial e energética com o Irã, elogiou a perspectiva de retomada do diálogo. "Estamos contentes por ver uma melhora nas relações entre Estados Unidos e Irã", disse Jiang Yu, porta-voz da chancelaria.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que seu país está preparado para conversar com os EUA, mas exigiu mudanças fundamentais na política norte-americana.
Apesar dessa abertura ao Irã, analistas e diplomatas dizem que o governo Obama será realista a respeito das suas chances de superar o impasse, e que está ciente de que Teerã poderá usar o diálogo para avançar no seu programa nuclear.
Em 2006, o Irã ficou de avaliar incentivos econômicos oferecidos pelas mesmas potências em troca da suspensão, mas acabou rejeitando- as.
A quinta-feira marca a celebração do Dia Nuclear Nacional na República Islâmica. O ponto alto da data será um evento em Isfahan, na região central do país, a partir de 17h (horário local), em que Ahmadinejad deve anunciar que o país dominou o estágio final da produção de combustível nuclear.
"Haverá novos fatos anunciados a respeito dos avanços do Irã na ciência e tecnologia nucleares", antecipou Ahmadinejad à TV estatal Irib.
A também estatal Press TV disse que o presidente irá inaugurar uma fábrica de combustível nuclear e anunciará uma nova geração de centrífugas atômicas, que são usadas para enriquecer urânio tanto para fins civis quanto militares.
Os Estados Unidos romperam relações com o Irã após a Revolução Islâmica de 1979, mas Obama ofereceu um "novo começo" no envolvimento diplomático, após estas três décadas de mútua desconfiança.
(Reportagem de Fredrik Dahl, em Teerã, e Ben Blanchard, em Pequim, em Pequim)
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