30 de outubro de 2012 | 21h24
Apesar das suspeitas de Israel, dos EUA e de outros governos ocidentais, Teerã diz repetidamente que seu programa nuclear está voltando apenas à geração de energia para fins civis.
Após dez anos de impasse, a pressão diplomática e sucessivas sanções não foram suficientes até agora para convencer o Irã a abandonar seu programa de enriquecimento de urânio - processo que, dependendo do grau de pureza alcançado, pode ter finalidades civis ou militares.
Diante dessa insistência, Israel - maior inimigo regional do Irã - ameaça com uma ação militar.
Mas, em entrevista publicada pelo jornal britânico Daily Telegraph, o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse que uma crise imediata foi evitada porque o Irã optou neste ano por usar em finalidades civis mais de um terço do seu urânio medianamente enriquecido.
Ele disse ao jornal que a decisão "permite contemplar o adiamento da hora da verdade em oito a dez meses".
"Poderia haver pelo menos três explicações. Uma delas é que o discurso público sobre uma possível operação israelense ou norte-americana tenha os dissuadido de tentarem chegar mais perto ", afirmou.
"Pode ser uma jogada diplomática que eles tenham lançado para evitar que essa questão culminasse antes da eleição norte-americana, só para ganhar algum tempo. Pode ser uma forma de dizer à AIEA : ‘Ah, estamos cumprindo nossos compromissos'."
Analistas dizem que o Irã já tem urânio baixamente enriquecido em volume suficiente para várias bombas atômicas, desde que o material fosse refinado até um grau maior de pureza. Mesmo assim, o país ainda estaria a vários anos de conseguir montar uma ogiva nuclear caso optasse por esse caminho.
(Reportagem de Maria Golovnina)
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