Irã se reúne com potências para discutir programa nuclear

Não está descartada a possibilidade de encontro bilateral entre negociador iraniano e enviado da Casa Branca

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Por Redação
Atualização:

Os Estados Unidos e outras cinco potências mundiais iniciaram nesta quinta-feira, 1, as negociações com o Irã para exigir a paralisação de suas atividades nucleares, com um funcionário americano de alto escalão dizendo que Washington está aberto a uma excepcional negociação bilateral com diplomatas iranianos. A missão americana em Genebra será comandada pelo subsecretário de Estado dos Estados Unidos para assuntos políticos William Burns e não está descartada a possibilidade de um encontro bilateral entre ele e o negociador iraniano, Saeed Jalili.

 

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Javier Solana, da União Europeia, que preside as negociações, estava otimista antes do início das conversas em Genebra. Nesta reunião, as grandes potências tentam obter do Irã provas convincentes que seu programa nuclear só persegue fins pacíficos e seu compromisso de permitir inspeções nucleares. Espera-se que Solana, volte a propor a Teerã a oferta da "dupla suspensão", ou seja, a suspensão das sanções em troca de cessar o enriquecimento de urânio. O encontro se celebra pouco após revelar-se que o Irã conta com uma segunda planta de enriquecimento de urânio próxima da cidade de Qom.

 

Pela primeira vez desde que a comunidade internacional constituiu os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) da ONU e a Alemanha - o chamado "sexteto" - para abordar o problema do programa nuclear do Irã. Os Estados Unidos participam de forma plena em reunião, representando pelo número três da Casa Branca, William Burns. Segundo os EUA, a usina clandestina iraniana perto da cidade Qom estará na pauta das discussões de hoje. A instalação, dizem analistas, seria pequena demais para uso civil.

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Não está descartada a possibilidade de um encontro bilateral entre ele e o negociador iraniano, que seria reflexo da determinação de Washington em obter um resultado da reunião. O simples fato da reunião estar ocorrendo oferece alguma esperança e mostra o desejo de ambas as partes para conversar, apesar do aumento das tensões na semana passada após a revelação de que o Irã estava construindo uma nova planta de enriquecimento de urânio.

 

Contudo, o reconhecimento por Teerã de que havia mantido silêncio sobre a planta, que pode fabricar tanto combustível nuclear como núcleos de ogivas, deixou as potências do ocidente com pequena expectativa de êxito nas negociações. Os representantes internacionais exigirão ao Irã que permita o acesso sem nenhum tipo de restrições dos inspetores internacionais à nova planta de enriquecimento de urânio. Se a reunião fracassar, espera-se que os EUA e seus aliados ocidentais renovem a pressão para implementar uma quarta rodada de sanções ao Irã.

 

Chanceler iraniano nos EUA

 

Um dia antes do encontro com autoridades do Irã, em Genebra, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, recebeu um visto dos EUA e esteve na quarta-feira em Washington. Em uma iniciativa paralela, o presidente Mahmoud Ahmadinejad voltou a propor que um terceiro país venda para Teerã urânio enriquecido a cerca de 20%.

 

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O motivo da viagem do chanceler iraniano não foi divulgado oficialmente. Para esclarecer, Mottaki concederá entrevista coletiva nas Nações Unidas, em Nova York. O Irã é acusado de estar em busca de armas atômicas. Mas os iranianos negam e dizem que seu programa tem fins civis.

 

O governo dos EUA buscou atenuar a visita, a primeira em anos de uma autoridade do alto escalão fora do âmbito das Nações Unidas. Segundo P.J. Crowley, porta-voz do Departamento de Estado, o ministro iraniano apenas tratará de assuntos na Embaixada do Paquistão, que representa os interesses de Teerã nos Estados Unidos - americanos e iranianos não mantêm relações diplomáticas desde 1979. Crowlley acrescentou que o chanceler não se encontrará com nenhuma autoridade americana. "Estamos mais interessados em nos reunirmos com o Irã em Genebra", disse.

 

(Com Gustavo Chacra, de O Estado de S. Paulo)

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