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Irã sofrerá 'duras sanções' se não colaborar, alerta Hillary

Secretária de Estado afirma que EUA implementam nova política, mas 'com olhos muito abertos e sem ilusões'

Por Efe e Associated Press
Atualização:

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, reiterou nesta quarta-feira, 22, a vontade do governo americano de dialogar com o Irã, mas também advertiu de "fortes" sanções se Teerã rejeitar o esforço diplomático e não renunciar a seus planos nucleares. Em comparecimento diante do Comitê de Relações Exteriores da Câmara de Representantes, Hillary explicou que os Estados Unidos estão "aplicando novos enfoques" para abordar a "ameaça representada pelo Irã", mas esta nova estratégia será implementada "com os olhos muito abertos e sem ilusões".

 

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Neste contexto, disse, o governo chegou à conclusão de que "a implicação terá mais êxito" se seus parceiros entenderem que têm que trabalhar conjuntamente e apoiar os esforços dos EUA, "incluindo (no que se refere a) sanções mais fortes". Hillary considera que o fato de que Estados Unidos tenham decidido se envolver com o Irã e participar plenamente nas negociações do grupo formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e a Alemanha para que abandone seus planos nucleares lhe dá "mais influência com outras nações" nas conversas.

 

A disponibilidade dos EUA para iniciar um diálogo direto com o Irã e o convite que fez ao governo iraniano para a recente conferência internacional de doadores no Afeganistão "aumenta ainda mais nossa capacidade para pedir mais a outras nações", afirmou. A nova estratégia de Washington em relação ao Irã ainda colocou o governo do presidente americano, Barack Obama, em uma melhor posição internacional, disse a secretária de Estado.

 

A chefe da diplomacia americana reiterou que os EUA, dentro do grupo de negociação, aplica uma política de "dupla via" sobre o Irã, com incentivos e também com sanções, se for necessário. "Estamos mais que dispostos a colocar pontes ao Irã para discutir um amplo leque de temas, assumindo que eles estão dispostos a corresponder", disse Hillary. Neste contexto, lembrou as palavras de Obama, que disse que está disposto a estender a mão ao Irã se o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, abrir "primeiro" o punho.

 

Apesar desta disposição, os EUA também estão "preparando o terreno" para sanções "muito fortes" que, disse, "poderiam ser necessárias caso nossos esforços fossem rechaçados, o processo não prosperasse ou não tivessem êxito". Hillary disse que o governo Obama considera "imprescindível evitar que o Irã obtenha armas nucleares".

 

Negociações "construtivas"

 

O Irã disse nesta quarta-feira esperar um diálogo "construtivo" com outros países sobre seu programa nuclear, mas insistiu que não interromperá suas atividades de enriquecimento de urânio, informou a agência estatal Irna nesta quarta-feira.

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O despacho da agência era uma resposta a um convite de Estados Unidos, Grã-Bretanha, China, França, Alemanha e Rússia para uma nova rodada de negociações sobre o tema nuclear, ainda sem data marcada. "O Irã...saúda conversas construtivas e justas, baseadas no respeito mútuo", disse a Irna, citando um comunicado do governo. Teerã "acredita que os problemas existentes na arena internacional devem ser resolvidos através do diálogo", aponta o texto.

 

Os EUA, Israel e outros países acusam o Irã de secretamente tentar desenvolver armas atômicas. Teerã nega tal intenção, afirmando que seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos, como a geração de energia. Na semana passada, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que o país preparava um pacote de propostas com o objetivo de resolver a disputa com o Ocidente por causa de seu programa nuclear. Também afirmou que Teerã buscava construir uma nova relação com os EUA.

 

Os EUA e as cinco outros potências mundiais discutem possíveis estratégias para lidar com o Irã. Entre as possibilidades está deixar o país enriquecendo urânio em seu nível atual por um período não determinado. Esse processo de enriquecer urânio pode ser usado tanto para fins pacíficos quanto para produzir bombas. Caso se confirme, essa abordagem seria uma mudança na exigência de longa data da administração George W. Bush, de que o Irã interrompa o enriquecimento de urânio como uma condição para qualquer negociação direta.

 

A administração de Barack Obama disse que funcionários norte-americanos comparecerão às conversas. Segundo fontes do governo norte-americano, a primeira meta é trazer o Irã de volta às negociações, e o fim último é que o país interrompa suas atividades de enriquecimento de urânio. Teerã seguidamente sustenta que não abandonará seu direito, estabelecido no Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), de produzir combustível nuclear.

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