Iranianos libertados chegam a Damasco após troca de prisioneiros

Grupos de oposição acusam o governo de deter dezenas de milhares de presos políticos durante os anos de regime

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DAMASCO - Quarenta e oito iranianos libertados por rebeldes sírios em troca de mais de 2 mil prisioneiros civis detidos pelo governo sírio chegaram ao centro de Damasco nesta quarta-feira, 9, informou uma testemunha à Reuters. O governo sírio não fez referência à troca de prisioneiros e o paradeiro dos prisioneiros civis não foi imediatamente conhecido. Grupos de oposição acusam o governo de deter dezenas de milhares de presos políticos durante os 12 anos de regime do presidente Bashar Assad e afirmam que esses números dispararam acentuadamente durante os 21 meses de guerra civil. A brigada rebelde síria al-Baraa apreendeu os iranianos no início de agosto e, inicialmente, ameaçou matá-los, dizendo que eram membros da Guarda Revolucionária Islâmica, da elite iraniana, enviados para lutar por Assad. A República Islâmica, um de seus mais fieis aliados, negou essa informação, dizendo que eram peregrinos xiitas visitando santuários, e pediu a Turquia e Catar para usar suas conexões com os insurgentes sírios para ajudar a proteger a libertação. Os iranianos libertados chegaram a um hotel de Damasco em seis ônibus pequenos, parecendo cansados, mas bem de saúde, cada um carregando uma flor branca, e foram recebidos pelo embaixador iraniano Mohammad Reza Sheibani. Eles não falaram com os jornalistas. Forças governamentais sírias fecharam acordos locais com grupos rebeldes para negociar prisioneiros, mas a libertação anunciada nesta quarta-feira foi a primeira vez em que não sírios foram libertados em uma troca. O governo de Damasco tem periodicamente libertado centenas de prisioneiros durante o conflito, mas sempre insistiu que estes presos "não têm sangue em suas mãos". Dado o número de presos políticos detidos durante o regime de Assad, pessoas desaparecidas se tornaram uma questão-chave quando os protestos de rua contra ele começaram em março de 2011. A Turquia é um dos maiores críticos de Assad, um forte defensor de seus oponentes e propôs intervenção internacional. O país denunciou a posição do Irã durante o levante sírio, que já matou cerca de 60 mil pessoas, de acordo com uma estimativa da ONU. Turquia, Estados do Golfo Árabe, os Estados Unidos e seus aliados europeus, apoiam os rebeldes sírios em sua maioria sunitas muçulmanos, enquanto o Irã xiita apoia Assad, cuja minoria alauíta é um desdobramento do Islã xiita. Um jornal pró-governo disse em 31 de dezembro que as forças sírias prenderam quatro pilotos de combate turcos que estavam tentando entrar em um aeroporto militar com um grupo armado na província de Alepo. O jornal al-Watan, sediado em Damasco, disse que as prisões na base militar Koers, 24 quilômetros a leste de Alepo, mostraram "o escandaloso envolvimento turco" na crise da Síria.

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