Iraque espera que mais milícias suspendam atividades

Exército Mahdi obedece trégua ordenada pelo líder do grupo, Moqtada al-Sadr, e desaparece das ruas de Bagdá

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O governo iraquiano torce para que a suspensão das atividades da milícia Exército Mahdi, ordenada nesta semana pelo clérigo xiita Moqtada al-Sadr, leve outros grupos armados do país a seguirem o exemplo. Em nota, o gabinete do primeiro-ministro Nuri Al Maliki elogiou a ordem dada por al-Sadr para que sua facção suspenda as ações armadas por até seis meses. "Esta iniciativa é um passo encorajador no sentido de preservar a segurança e a estabilidade, e é uma boa oportunidade para congelar o trabalho de outras medidas, a despeito da sua afiliação política e ideológica", disse a nota divulgada nesta sexta-feira, 31. Maliki pede há tempos que vários grupos políticos desarmem suas milícias, mas o apelo sempre era ignorado. A ordem de suspensão foi dada na quarta-feira pelo clérigo antiamericano, um dia depois da morte de dezenas de pessoas em confrontos envolvendo milicianos da Mahdi durante uma peregrinação xiita na cidade de Kerbala. O premiê atribuiu a violência a "gangues criminosas armadas e fora-da-lei, formadas por remanescentes do sepultado regime de Saddam (Hussein)."   A nota do governo diz que os sadristas formam "um dos blocos políticos básicos no Iraque, e vão continuar sendo um parceiro ativo e real no processo político." Trégua  Desde o surpreendente anúncio, seguidores armados de al-Sadr não são vistos nas ruas. Mas muitos dizem que vão lutar se forem provocados pelas tropas dos EUA. A nota divulgada pelo governo diz que as forças do governo não estavam perseguindo seguidores de al-Sadr em Kerbala, numa aparente resposta à prisão de mais de 70 pessoas. Um assessor do clérigo disse na quinta-feira que a pausa nas ações armadas pode durar só uma semana se as forças norte-americanas e iraquianas não pararem de prender os seguidores de Sadr. Nas últimas semanas, as forças dos EUA fazem várias incursões contra o Exército Mahdi na favela de Sadr City, reduto do clérigo em Bagdá. Washington acusa vários os milicianos de terem vínculos com o Irã. Seguidores de al-Sadr dizem que ele determinou a trégua para poder expulsar membros descontrolados da milícia. Para analistas, porém, o verdadeiro teste é ver se os militantes param ou não os combates. Exército Mahdi O jovem clérigo tem uma enorme massa de seguidores entre comunidades xiitas urbanas e pobres. Ele criou o Exército Mahdi em 2003, após a ocupação norte-americana. Um ano depois, Sadr comandou seus homens em duas rebeliões contra as forças dos EUA, mas em seguida entrou para a política institucional e teve papel importante na ascensão de Maliki ao poder, em 2006.

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