Iraque pede apoio aéreo aos Estados Unidos para conter rebeldes

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Por GHAZWAN HASSAN E PHIL STEWART
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O Iraque solicitou apoio aéreo aos Estados Unidos para combater rebeldes sunitas, disse o general Martin Dempsey nesta quarta-feira, depois que militantes ocuparam grandes cidades em um avanço-relâmpago contra o Exército do governo liderado por xiitas. Mas o chefe do Estado Maior dos Estados Unidos não deu uma resposta direta quando indagado, durante uma audiência no Congresso, se Washington atenderá ao pedido feito pelas autoridades do Iraque. Bagdá disse querer ataques aéreos dos EUA, já que os insurgentes, liderados pelo Estado Islâmico no Iraque e no Levante (Isil, na sigla em inglês), tomaram a maior refinaria de petróleo do Iraque. Paralelamente, o presidente do vizinho Irã, Hassan Rouhani, reforçou a possibilidade de intervir em uma guerra sectária que ameaça cruzar as fronteiras do Oriente Médio. “Temos um pedido de apoio aéreo do governo iraquiano”, declarou Dempsey ao Senado em Washington. Questionado se os EUA devem honrar a solicitação, ele respondeu indiretamente, dizendo que "é de nosso interesse nacional combater o Isil onde quer que o encontremos”. Na cidade saudita de Jeddah, o ministro iraquiano das Relações Exteriores, Hoshyar Zebari, disse que Bagdá decidiu solicitar os ataques aéreos norte-americanos “para acabar com o moral” do Isil. Embora o Irã, aliado muçulmano xiita do Iraque, até agora não tenha intervindo para ajudar o governo de Bagdá, “tudo é possível”, afirmou ele a repórteres depois de uma reunião com ministros das Relações Exteriores árabes. Os combatentes sunitas detêm o controle de três quartos do território da refinaria de Baiji, ao norte da capital, informou uma autoridade no local, depois de uma manhã de intensos combates nos portões defendidos por tropas de elite que estão sitiadas há uma semana. Washington e outras capitais ocidentais estão tentando salvar o Iraque da desintegração, pressionando o primeiro-ministro xiita, Nuri al-Maliki, para que se entenda com os sunitas. Maliki se reuniu com adversários políticos sunitas e curdos de terça para quarta-feira, preparando cuidadosamente uma aparição conjunta durante a qual foi lido um apelo por união nacional. Como a guerra civil na Síria, o novo conflito ameaça afetar os vizinhos, despertando tensões sectárias no que os combatentes dos dois lados veem como uma luta existencial pela sobrevivência baseada em um cisma religioso que data do século sete. Os preços do petróleo subiram com as notícias de que a refinaria está em parte nas mãos dos rebeldes. O avanço súbito do Isil na semana passada é um teste para o presidente dos EUA, Barack Obama, que retirou as tropas norte-americanas do Iraque em 2011. Obama descartou reenviar seus soldados, mas cogita outras opções militares para ajudar a defender Bagdá, e autoridades norte-americanas até falaram em cooperar com Teerã contra o inimigo em comum. Mas os EUA e outras autoridades internacionais insistem que Maliki deve fazer mais para resolver o sentimento generalizado de exclusão política entre sunitas, a minoria que governou o Iraque até as tropas norte-americanas destituírem Saddam Hussein, após a invasão de 2003. (Reportagem adicional de Ghazwan Hassan, Ahmed Rasheed, Ned Parker, Amena Bakr e Yara Bayoumi)

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