O governo iraquiano prometeu neste sábado, 23, investigar as denúncias de que a polícia e soldados cometeram crimes durante a guerra no Iraque, após o WikiLeaks ter divulgado documentos secretos dos Estados Unidos que revelaram abusos de prisioneiros pelas forças iraquianas.
Os diversos arquivos contêm relatos de oficiais militares norte-americanos que detalham casos de abuso de prisioneiros que eram conhecidos pelas autoridades dos Estados Unidos, mas que não foram investigados.
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"O governo não mostrará leniência em relação aos direitos de seus cidadãos", disse o governo do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, ao mesmo tempo em que minimizou o surgimento dos documentos num momento em que grupos políticos tentam negociar um novo governo.
Oficiais iraquianos, incluindo o ministro do Interior, Jawad al-Bolani, disseram que muitos dos casos citados pelos documentos militares americanos pareciam ser antigos. No entanto, esses documentos foram vetados por um comitê.
Milhares de oficiais foram inocentados pelo Ministério do Interior iraquiano após revelações de que a maior parte dos prisioneiros sunitas foi mantida em prisões secretas próximas do local em que uma chacina sectária ocorreu em 2006/2007 após a invasão norte-americana em 2003.
O ministério foi pesadamente infiltrado pela milícia xiita, alguns dos quais usavam o uniforme da polícia, promovendo centenas de mortes num momento em que a guerra explodiu entre os então dominantes sunitas e a maioria xiita, que ansiava pelo poder após a queda do ditador sunita Saddam Hussein.
"Nós não vamos fechar os olhos para nenhum desses problemas", disse o general Hussein Kamal, secretário do Ministério do Interior. "Cada um responsável por qualquer crise será processado e a Justiça tomará seu percurso", disse à Reuters.
O Pentágono criticou a publicação dos documentos secretos - o maior vazamento de dados sigilosos desse tipo em toda a história militar norte-americana, maior que a divulgação de mais de 70 mil documentos da Guerra do Afeganistão em julho.
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse que os documentos trazem evidências de crimes de guerra.