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Israel enfrenta condenação na Europa por plano de assentamentos

Por JEFFREY HELLER
Atualização:

Israel enfrentou críticas da Europa nesta segunda-feira sobre a decisão do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de ampliar a construção de assentamentos após o reconhecimento de fato pela Organização das Nações Unidas de um Estado palestino. Grã-Bretanha, França e Suécia convocaram os embaixadores israelenses em suas respectivas capitais para ouvir a profunda desaprovação ao plano para construir mais 3.000 casas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Antes de uma visita de Netanyahu esta semana, a Alemanha, considerada o aliado mais próximo de Israel na Europa, fez um apelo para que o país a se abstivesse da expansão de assentamentos, e a Rússia disse que viu a ação israelense com preocupação. Irritado com a elevação de status dos palestinos na Assembleia Geral da ONU na quinta-feira de "entidade observadora" para "Estado não-membro", Israel disse no dia seguinte que iria construir as novas habitações para colonos. Tais projetos no passado, em terras que Israel capturou na guerra de 1967 e que os palestinos querem para um futuro Estado, rotineiramente provocaram condenação mundial. Mas, em uma mudança dramática que Netanyahu teria certamente imaginado que causaria alarme entre os palestinos e nas capitais mundiais, o seu governo pró-colonos também ordenou um "zoneamento preliminar e um trabalho de planejamento" para milhares de unidades habitacionais em áreas que incluem a chamada zona leste de Jerusalém "E1". Tal construção nas montanhas áridas do E1 -- ainda em planejamento e nunca posta em prática em face da oposição de seu principal aliado, os Estados Unidos -- poderia bifurcar a Cisjordânia e enfraquecer ainda mais as esperanças de um Estado contíguo. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o plano de assentamentos seria um "golpe quase fatal" para uma solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino. O principal negociador palestino, Saeb Erekat, afirmou que uma construção em E1 "destrói a solução de dois Estados, que estabelece Jerusalém Oriental como capital da Palestina, e praticamente encerra o processo de paz e qualquer oportunidade de falar sobre as negociações no futuro". A Grã-Bretanha deixou claro que não apoiaria a forte retaliação israelense para a votação da ONU, que os palestinos buscaram depois que negociações de paz fracassaram em 2010, devido à disputa sobre a construção de assentamentos. "Nós lamentamos a recente decisão israelense de construir 3.000 novas unidades habitacionais e de descongelar o desenvolvimento do bloco E1", disse um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores. "Pedimos ao governo israelense para reverter a decisão." Mas um porta-voz do primeiro-ministro britânico, David Cameron, minimizou os rumores de chamar de volta o embaixador da Grã-Bretanha em Tel Aviv. A França manifestou "sérias preocupações" ao embaixador de Israel, lembrando-lhe que a construção de assentamentos nos territórios ocupados é ilegal e um "obstáculo" para reviver as negociações de paz com os palestinos. Um funcionário do Ministério de Relações Exteriores francês, em resposta a notícias de que Paris pode trazer de volta o embaixador em Tel Aviv, disse que "há outras maneiras que podemos expressar a nossa desaprovação". O ministro das Finanças de Israel, Yuval Steinitz, afirmou que Israel não poderia ficar indiferente ao movimento unilateral dos palestinos nas Nações Unidas. Na Europa, apenas a República Tcheca votou contra a resolução, enquanto muitos países, incluindo a França, apoiaram. Netanyahu também planeja visitar Praga esta semana para expressar seus agradecimentos.

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