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Israel teme que morte de preso motive nova rebelião palestina

Por DAN WILLIAMS
Atualização:

Palestinos armados e mascarados fizeram disparos para o alto na segunda-feira, enquanto milhares de pessoas acompanhavam na Cisjordânia o funeral de um detento morto em uma prisão israelense, num fato que ameaça dar início a uma nova intifada (rebelião). A morte de Arafat Jaradat, no sábado, e uma greve de fome realizada por quatro outros presos palestinos elevaram as tensões no território ocupado, após repetidos confrontos nos últimos dias entre manifestantes armados com pedras e soldados israelenses. As tropas israelenses, em alerta elevado, assumiram posições nos arredores da aldeia de Se'eer, terra natal de Jaradat, enquanto meia dúzia de palestinos fardados e mascarados disparava rajadas de metralhadoras. "Sacrificamos nossas almas e sangue por você, nosso mártir!", gritavam os participantes do funeral. Em outros pontos da Cisjordânia, soldados israelenses feriram pelo menos seis palestinos em confronto. Médicos disseram que algumas das lesões foram a bala, embora o Exército tenha declarado que não usou munição letal. As cenas lembravam a intifada, ou rebelião árabe, que começou em 2000, depois do fracasso das negociações de paz entre palestinos e israelenses. Uma intifada anterior, de 1987 a 93, levou a acordos de paz provisórios e a um autogoverno limitado para os palestinos. O ministro israelense da Defesa Civil, Avi Dichter, alertou que uma nova rebelião pode começar se houve mortes nos protestos. Os militares de Israel disseram que dezenas de palestinos apedrejaram soldados em várias partes da Cisjordânia na segunda-feira. As tropas reagiram com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral, segundo o Exército. "As duas intifadas anteriores (...) ocorreram como resultado de um alto número de mortes (durante os protestos)", disse Dichter à Rádio Israel. "As vítimas fatais são quase uma receita provável para uma escalada mais aguda." Como os protestos palestinos têm se tornado mais frequentes nos últimos meses na Cisjordânia, e a repressão israelense muitas vezes causa vítimas, ambos os lados temem uma erupção mais ampla da violência. Jaradat, de 30 anos, foi detido há uma semana por atirar pedras em carros israelenses na Cisjordânia. Autoridades palestinas disseram que ele morreu ao ser torturado na prisão. Mas Israel afirmou que uma autopsia realizada na presença de um legista palestino foi inconclusiva, e que lesões como costelas quebradas podem ter sido causadas durante os esforços de ressuscitação do preso. Robert Serry, coordenador da ONU para o processo de paz do Oriente Médio, pediu "uma investigação independente e transparente sobre as circunstâncias da morte de Jaradat, cujos resultados devem ser tornados públicos assim que for possível".

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