Israel vai às urnas e deve reeleger Netanyahu

Analistas especulam que premiê poderia buscar imagem mais moderada partilhando o poder com partidos centristas

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Os israelenses participam nesta terça-feira, 22, de uma eleição que deve conferir um terceiro mandato ao primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, levando o Estado ainda mais para a direita, para mais longe da paz com os palestinos e na direção de um confronto com o Irã. Netanyahu promete manter a construção de assentamentos em territórios conquistados durante a guerra de 1967, o que desagrada aliados internacionais e pode piorar as já tensas relações com o governo dos EUA. As pesquisas preveem que o partido direitista Likud, de Netanyahu, e seus aliados ultranacionalistas do Yisrael Beitenu vão formar maioria no Knesset (Parlamento), mas com uma bancada consideravelmente menor do que eles esperavam inicialmente. "Queremos que Israel tenha sucesso, votamos Likud-Beitenu . Quanto maior ele for, mais Israel irá ter sucesso", disse Netanyahu após votar, junto da mulher e dois filhos. Há 5,66 milhões de israelenses cadastrados para votar, e as urnas permanecem abertas até as 22h (18h em Brasília). Os resultados completos são esperados na manhã de quarta-feira, dando início a discussões sobre a formação da coalizão, o que pode levar várias semanas. Nenhum partido israelense jamais garantiu maioria absoluta, o que significa que Netanyahu terá de atrair aliados para controlar o Knesset (Parlamento, com 120 cadeiras). O ex-militar tradicionalmente procura o apoio de partidos religiosos e conservadores, e desta vez deve abordar o milionário Naftali Bennett, grande surpresa da atual campanha, que deve levar o ultradireitista partido Bait Yehudi (Lar Judaico) ao terceiro lugar no pleito, elegendo até 14 deputados. As últimas pesquisas, na sexta-feira, sugeriam que o Likud-Beitenu deve eleger 32 parlamentares -dez a menos do que na eleição de 2009, quando eles concorreram separadamente. Esse resultado causaria constrangimento para Netanyahu, mas ainda o deixaria em boas condições de formar um novo governo. Reconhecendo a ameaça, Yair Netanyahu, filho do premiê, pediu aos jovens para que não abandonem o tradicional Likud. Apresentando-se como parceiro natural de Netanyahu numa coalizão, Bennett assustou os que desejam ver o surgimento de um Estado palestino independente ao lado de Israel, ao propor a anexação de partes da Cisjordânia ocupada. "Rezo a Deus para que me dê o poder de unir Israel e de restaurar a alma judaica de Israel", disse Bennett na segunda-feira, na aparição final da campanha, em frente ao Muro das Lamentações. Mas alguns analistas especulam que Netanyahu poderia buscar uma imagem mais moderada para Israel, partilhando o poder com partidos centristas como o Yesh Atid (Há Futuro), recém-formada agremiação do ex-apresentador de TV Yair Lapid. O principal partido de oposição, com previsão de eleger 17 deputados, já descartou uma repetição do cenário de 2009, quando inicialmente aderiu ao gabinete de Netanyahu e prometeu promover negociações de paz com os palestinos. O processo foi reaberto em 2010, mas abandonado apenas um mês depois, por causa da recusa israelense em abandonar a ampliação dos assentamentos. Netanyahu culpou os palestinos pelo fracasso, e diz continuar aberto ao diálogo.

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