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Jornal israelense descreve tensão em encontro de Obama e Netanyahu

Líderes se encontraram na Casa Branca na terça-feira em meio a impasse sobre assentamentos

Atualização:

JERUSALÉM - A reunião entre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu e o presidente dos EUA, Barack Obama, da terça-feira na Casa Branca, ocorreu em clima tenso e pouco amistoso, segundo texto publicado nesta quinta-feira, 25, no jornal israelense Yedioth Ahronoth.

 

 

Longe dos olhos da imprensa, a reunião na Casa Branca foi uma "emboscada" de um Obama "inflado" após a aprovação da reforma da saúde, segundo o jornal, que publica detalhes do que pode ter sido a reunião, que não ocorreu em clima amistoso devido às recentes tensões vividas entre os dois países.

 

Logo após o início do encontro, o presidente americano teria perguntado a Netanyahu que gestos estava disposto a tomar para convencer os palestinos a retomar o diálogo de paz, interrompido há mais de um ano. Entre as exigências estariam a ampliação, em setembro, da moratória parcial de dez meses na construção nos assentamentos judaicos na Cisjordânia, incluindo também Jerusalém Oriental, e a libertação de entre 100 e mil presos palestinos.

 

Obama, que disse esperar uma resposta por escrito até esta quinta, teria ficado satisfeito com as respostas e insistiu na necessidade de passos concretos, enquanto Netanyahu seguia falando em um marco teórico de possíveis medidas.

 

Também foi debatido o controvertido tema da construção de colônias judias em território palestino ocupado, que colocou os aliados em lados opostos quando Israel anunciou a edificação de 1.600 moradias durante a visita do vice-presidente dos EUA, Joe Biden.

 

Washington viu o anúncio como uma humilhação a seu vice-presidente. Segundo alguns comentaristas locais, Obama quis devolver a atitude a Netanyahu, principalmente após saber que, horas antes, Israel tinha dado o sinal verde para a construção de outros 20 imóveis em Jerusalém Oriental.

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Por isso, segundo o Yedioth Ahronoth, após uma hora e meia de debate sem acordos, Obama se levantou da cadeira e disse que iria "à parte residencial da Casa Branca jantar com Michelle e as meninas". "Estarei por aqui. Me diga se houver algo novo", teria respondido Netanyahu, sempre de acordo com o relato do jornal. Depois, Netanyahu teria solicitado uma segunda reunião com Obama, que durou pouco menos de meia hora.

 

A Casa Branca não permitiu o acesso da imprensa antes ou depois do encontro, nem divulgou fotos oficiais, como manda o protocolo, o que pode ser interpretado como outra forma de humilhar seu convidado.

 

Ainda de acordo com o jornal, Obama ofereceu uma linha telefônica, como é costume, mas o chefe do governo israelense temeu que a linha estivesse grampeada e foi à embaixada de seu país para fazer suas chamadas.

 

Apoio

 

Membros do governo conservador de Israel estão se alinhando em apoio a Netanyahu em sua disputa com os EUA sobre os projetos de construção de novas casas para colonos judeus em Jerusalém Oriental.

 

Dois membros do gabinete, incluindo o vice-premiê, acusaram a Casa Branca de pressionar o Estado judeu injustamente. Silvan Shalom, vice e adversário político de Netanyahu, disse que Washington mantém uma postura unilateral sobre o assunto. À rádio Israel, Shalom disse "apoiar completamente o primeiro-ministro" e advertiu que a "pressão unilateral" pode minar os esforços de paz.

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