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Judeus ultraortodoxos protestam com violência em Jerusalém

Por DOUGLAS HAMILTON
Atualização:

Partes de Jerusalém viraram um caos nesta quinta-feira, depois de dois dias de distúrbios, com lançamento de pedras e queima de latas de lixo, por parte de judeus ultraortodoxos enfurecidos com a interferência do Estado em seus assuntos. A explosão de fúria foi desencadeada pela prisão de uma mulher ultraortodoxa, cujo nome não foi divulgado, por suspeita de ter deixado seu filho de 3 anos passar fome. A criança agora se recupera em um hospital e os médicos disseram que ela está subnutrida. Os manifestantes destruíram sinais de trânsito, derrubaram muros e danificaram vias pavimentadas com pedras. As ruas ficaram cheias de lixo e cinzas. Fumaça e mau cheiro emergem dos destroços. Centenas de policiais foram deslocados para controlar a violência. Até agora ninguém ficou seriamente ferido, mas os problemas parecem prestes a prosseguir por mais um dia na cidade sagrada, onde judeus religiosos e seculares estão divididos, apesar de seguirem a mesma fé. O protesto se concentra nos bairros de Geula e Mea She'arim, em Jerusalém Ocidental, a apenas algumas quadras da Cidade Velha. Nesses bairros vivem judeus ultraortodoxos, que usam roupas pretas e preferem se manter distantes do Estado israelense moderno e secular, embora sejam os principais receptores de benefícios estatais. Muitos jovens da comunidade ultraortodoxa estão nas férias de verão dos estudos religiosos e saíram às ruas para protestar contra a prisão. "Sionistas", gritou um manifestante para a polícia. Alguns judeus ultraortodoxos acreditam que não deveria haver um Estado judaico soberano antes da chegada do Messias. Defensores da mulher detida acusam as autoridades de interferência extrema, dizendo ser inconcebível que uma mãe judaica fosse deixar seu filho morrer de fome. Reportagens da mídia local sugerem que a mulher está mentalmente doente, sofrendo da síndrome de Muenchausen, uma enfermidade rara que costuma levar uma mãe a exagerar ou mesmo criar sintomas de doença em seu filho. "Ela é uma mãe amorosa que se dedicava a cuidar dele (o menino). Ela não faria nada para machucá-lo", disse o advogado da mulher, David Halevy, à Rádio Israel. Ele rejeitou uma oferta do Estado de deixá-la em liberdade condicional se aceitar ser examinada por um psiquiatra. Um tribunal decidirá na sexta-feira se prorroga o período de prisão dela.

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