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Kadafi já não controla a Líbia, segundo Itália e Alemanha

Oposição líbia, por sua vez, 'assegura' que ditador controla apenas 15% do país

Atualização:

ROMA - "Recebi notícias há poucos minutos e parece que, de fato, Muamar Kadafi não controla a situação na Líbia", disse nesta sexta-feira, 24, o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, aliado do líder líbio na Europa, durante uma reunião política em Roma. Neste sábado, Fathi Tarbul, membro do comitê popular que controla Bengasi e um dos líderes das manifestações populares, também 'assegurou' que as forças leais a Muamar Kadafi controlam apenas 15% do país.

 

 

O primeiro-ministro italiano disse que as revoltas populares no norte da África podem levar a democracia e a liberdade, mas também desencadear "perigosos centro fundamentalistas islâmicos ha poucos quilômetros das nossas costas" e um êxodo em massa de refugiados. "Por esta razão, a Europa e o Ocidente não podem permanecer como espectadores neste processo", disse ele.

 

"Os acontecimentos das últimas semanas afetam as nossas relações comerciais, o nosso fornecimento de energia e a nossa própria segurança", disse Berlusconi. A Itália tem fortes relações comerciais com a Líbia, a sua ex-colônia, que fornece aproximadamente 25% do seu petróleo e 12% do gás.

 

Tratado. O governo italiano suspendeu o Tratado de Amizade entre a Itália e a Líbia, assinado por Berlusconi e Kadafi em 29 de agosto de 2008 na cidade líbia de Benghazi, que contém importantes acordos na luta contra a imigração ilegal.

 

"Na verdade, o tratado Itália-Líbia não existe mais, é irrelevante, está suspenso", disse o ministro da Defesa italiano, Ignazio La Russa, durante uma cerimônia oficial na cidade de Livorno, de acordo com a imprensa italiana.

 

O ministro italiano disse que seu governo acha "provável" que "muitos" imigrantes ilegais saiam da costa líbia nos próximos dias e cheguem na Itália, "muito mais do que aqueles que o fizeram antes do Tratado."

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Temendo uma fuga em massa dos líbios a costa italiana, La Russa, neste sábado, apelou à solidariedade dos países do norte da Europa. "Nesta situação, o nosso desejo é envolver toda a Europa", disse o ministro.

 

O Tratado de Amizade ítalo-líbio inclui a cooperação italiana da Líbia na luta contra a imigração ilegal, com uma intensificação dos controles na costa da Líbia e de uma compensação econômica 5 bilhões de euros da antiga metrópole, Roma, durante 20 anos, pelo "passado colonial" da Líbia.

 

Alemanha

 

O ministro das relações exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, disse nesse sábado que acreditava que Muammar Gaddafi não seria capaz de permanecer no poder após responder de maneira brutal à revolta popular na Líbia, e que seu reinado acabou.

 

Em um artigo que será publicado na edição de domingo do jornal Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung, ele criticou a União Europeia por não agir rapidamente para impor sanções contra Gaddafi.

 

"A família governante que conduz uma guerra de forma tão irracional contra seu próprio povo acabou. O ditador não pode ficar", disse o ministro. "Inicialmente, a União Europeia foi muito hesitante", adicionou.

 

Um comunicado divulgado pelo gabinete da chanceler alemã Angela Merkel no sábado disse que ela havia conversado por telefone com o presidente norte-americano Barack Obama sobre a Líbia e ambos concordaram que Gaddafi perdeu toda a legitimidade e "suas ações contra seu próprio povo deve finalmente acabar."

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O comunicado acrescentou ainda que os dois líderes esperavam que as sanções passassem rapidamente pelo Conselho de Segurança da ONU.

 

A manutenção de Gaddafi no poder parecia cada vez mais difícil neste sábado em face da revolta que colocou grande parte do leste país, grande produtor de petróleo, incluindo Banghazi, segunda maior cidade do país, nas mãos de opositores.

 

Os governos da União Europeia chegaram a um acordo na sexta-feira sobre a imposição de um embargo de armas, congelamento de bens e a proibição de viagens à Líbia, mas uma decisão formal será tomada no início da próxima semana.

 

Com informações da Reuters e Efe.

Atualizada às 18h40 para acréscimo de informações

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