15 de abril de 2011 | 17h59
NOVA YORK - O ditador da Líbia, Muamar Kadafi, teria usado bombas de fragmentação em seus ataques contra os rebeldes da cidade de Misrata, denunciou nesta sexta-feira, 15, a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW). O uso de tais armas é proibido sob um tratado internacional.
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A HRW alertou para o "grave perigo" essas bombas representam para a população civil e afirmou que, após analisar os fragmentos e algumas delas, identificou-as como do modelo MAT-120, produzido na Espanha. O órgão indicou que os dispositivos, também conhecidos como bombas de cacho ou cluster bombs, em inglês, foram usadas nos bombardeios de quinta-feira em Misrata contra um bairro residencial.
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"É terrível que a Líbia use esse tipo de armas, especialmente em uma zona residencial. Elas representam um risco enorme para os civis tanto durante os ataques quanto depois, porque liberam fragmentos que pode explodir posteriormente", indicou Steve Goose, diretor da divisão da HRW dedicada ao armamento.
Um porta-voz do governo líbio, porém, negou o uso das bombas. "Nós jamais usaríamos esse tipo de armas contra o povo. Além disso, o mundo está assistindo, não poderíamos fazer isso", disse Musa Ibrahim.
O uso das bombas de fragmentação foi proibido em dezembro de 2008, quando foi assinada a Convenção sobre Armas de Fragmentação na Noruega - da qual a Líbia não faz parte -, devido às preocupações com segurança dos civis que entram em contato com as partes menores dos explosivos. Quando lançados, tais dispositivos liberam explosivos menores que podem permanecer intactos e ser detonados posteriormente ao mínimo contato.
O jornal americano The New York Times também afirma que as tropas de Kadafi tem usado esse tipo de munição, o que "acrescenta urgência nos argumentos do Reino Unido e da França de que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) precisa ampliar o número de ataques contra o ditador, para cumprir o mandato das Nações Unidas de proteger os civis".
Misrata, localizada a leste da capital Trípoli, é a única cidade na região oeste da Líbia sob poder dos rebeldes que querem derrubar Kadafi. O local tem sido castigado por bombardeios das forças do coronel e sofre com uma crise humanitária, já que o abastecimento de água, alimentos e energia elétrica foi cortado. Segundo o canal árabe Al-Jazira, ao menos 22 pessoas morreram e mais de 50 ficaram feridas devido aos ataques do ditador na cidade nesta sexta.
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