O ex-presidente iraniano Mohammed Khatami cogitou a possibilidade de não disputar as eleições presidenciais de junho caso apareça algum outro candidato reformista capaz de fazer frente aos conservadores. Por enquanto, Khatami continua na disputa, mas os diretores de sua campanha dizem que ele tomará uma decisão definitiva em breve.
Durante comício realizado na noite de domingo, Khatami disse a seus correligionários que os clérigos linha-dura que governam o Irã resistem demais a sua plataforma ao mesmo tempo em que parecem demonstrar menos resistência às propostas de outro candidato reformista, o primeiro-ministro Mir Hossein Mousavi. O ex-premiê anunciou sua candidatura na semana passada. Analistas consideram que ele teria chances reais na disputa contra o presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad.
Em declarações divulgadas pela agência de notícias iraniana Fars, Hasan Rasuli, subdiretor geral da fundação Baran, que possui ligação com Khatami, afirmou que o ex-presidente deve tornar pública sua decisão "antes do fim do ano persa", que acaba em 20 de março. "No caso do (candidato reformista) Mir Hosein Musavi manter sua decisão de apresentar-se, Khatami renunciará a favor dos interesses dos reformistas e dos interesses nacionais do Irã", afirmou.
Khatami foi presidente do país entre 1997 e 2005 e foi substituído pelo conservador Mahmoud Ahmadinejad. As eleições de junho ocorrem no ano do 30º aniversário da revolução e oferecem aos iranianos uma importante escolha sobre o futuro do país. A eleição não determinará a política na República Islâmica, na qual a última palavra é do Aiatolá Ali Khamenei. Mas o presidente pode influenciar os atos do país, pois Khamenei tende a procurar um consenso entre a elite política, dizem analistas.