Líbano enfrenta impasse na escolha de presidente

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Por ALISTAIR LYON
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O Líbano celebrou seu dia da independência na quinta-feira tomado por um sentimento de ansiedade devido ao fracasso, até agora, dos esforços para selar um acordo entre as facções políticas rivais a respeito de um novo presidente, evitando assim uma eventual onda de violência. "Último dia antes da hora zero: nem milagre e nem vácuo", afirmou em sua manchete de primeira página o jornal An-Nahar, que apóia a coalizão de governo anti-Síria encabeçada pelo líder sunita Saad al-Hariri. Outros jornais adotaram uma postura igualmente pessimista a respeito das chances de solucionar o impasse antes das eleições parlamentares de sexta-feira, o último dia do mandato do presidente Emile Lahoud, um político pró-Síria. O pleito, marcado inicialmente para 25 de setembro, já foi adiado quatro vezes. Se a assembléia não conseguir, mais uma vez, realizar uma sessão, um abismo constitucional poderia se abrir diante do Líbano, que enfrenta sua pior crise política desde a guerra civil (1975-1990). "Há indícios iniciais de que a sessão não será realizada amanhã", afirmou o oposicionista Michel al-Murr, descrevendo a situação como bastante complexa. O ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, que conversa com as facções libanesas desde domingo, e seu colega espanhol, Miguel Angel Moratinos, reuniram-se com o líder oposicionista e candidato presidencial Michel Aoun, do bloco cristão. Os dois devem se encontrar com outros políticos da facção pró-Síria e da maioria governista que conta com a simpatia do Ocidente. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, telefonou para Aoun e Hariri na quarta-feira à noite. Soldados e policiais intensificaram as medidas de segurança em Beirute antes da sessão parlamentar. Não houve parada militar ou outros eventos para celebrar os 64 anos de independência do Líbano. A oposição, liderada pelo grupo xiita Hezbollah, afirmou que não comparecerá ao Parlamento sem um acordo prévio sobre o nome do novo presidente, que precisa ser um cristão maronita segundo determina o sistema de divisão de poder no Líbano. A coalizão governista possui uma maioria apertada no Parlamento e a oposição diz que a votação exige dois terços dos parlamentares. Se nenhum presidente for eleito, Lahoud prometeu adotar medidas não especificadas para garantir a unidade do Líbano. O presidente em final de mandato poderia entregar seu cargo para as Forças Armadas, em vez de entregá-lo para o governo atual do país, comandado pelo primeiro-ministro Fouad Siniora. O bloco majoritário argumenta que o governo de Siniora ficaria automaticamente a cargo dos poderes presidenciais até a escolha de um novo chefe de Estado. O Hezbollah, um grupo armado, prometeu mobilizar-se para responder a essa manobra do governo. (Reportagem adicional de Nadim Ladki)

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