23 de outubro de 2012 | 12h22
Na capital Beirute, a tensão diminuiu depois que tropas se espalharam por toda a cidade para liberar as ruas de homens armados que haviam entrado em confronto na noite de domingo.
A violência explodiu depois do assassinato na sexta-feira, no centro de Beirute, do alto oficial de segurança libanês Wissam al-Hassan, que era contra a liderança síria.
O bombardeio e os confrontos que se seguiram levaram a guerra civil da Síria para o coração do Líbano e desencadearam uma crise política, com a oposição exigindo a renúncia do gabinete do primeiro-ministro Najib Mikati, de maioria pró-Damasco.
Os combates em Trípoli --cidade natal de Mikati-- ocorreram entre as áreas vizinhas de Bab al-Tabbaneh, uma base sunita muçulmana, e Jebel Mohsen, um bairro alauíta.
Três sunitas e um alauíta foram mortos e 15 pessoas ficaram feridas, disse uma fonte médica militar à Reuters. Moradores contaram que os combatentes trocaram tiros de metralhadora e com lançadores de granadas.
Na manhã desta terça-feira, o centro de Trípoli estava movimentado e o tráfego seguia livremente, mas a cidade permanecia instável. Soldados com capacetes e coletes à prova de bala mantinham vigilância e tanques e veículos blindados equipados com metralhadoras pesadas estavam estacionados nas ruas.
Os sunitas muçulmanos de Trípoli apoiam os rebeldes sírios que lutam para derrubar o presidente Bashar al-Assad, que vêm principalmente da maioria sunita da Síria.
Assad é um membro da seita alauíta, uma ramificação do islamismo xiita. Ele conta com o apoio do Hezbollah, um poderoso grupo islâmico xiita armado que faz parte do governo Mikati, assim como de outros xiitas e alauítas na mistura complexa sectária e política do Líbano.
A violência durante a noite em Trípoli elevou o número de mortos para pelo menos 10, com 65 feridos desde sexta-feira.
O Líbano ainda é assombrado pela guerra civil de 1975-1990, que tornou Beirute local de carnificinas e destruiu grande parte da cidade. Muitos libaneses temem que a guerra síria empurra seu país de volta àqueles dias, destruindo os esforços para reconstrui-lo como um centro de comércio, finanças e turismo.
Políticos da oposição acusaram a Síria de estar por trás do assassinato do general Hassan, que tinha trabalhado para conter a influência síria no Líbano.
Um muçulmano sunita, ele ajudou a descobrir um plano de atentado que levou à prisão e indiciamento em agosto de um ex-ministro libanês pró-Assad. Ele também liderou uma investigação que implicou a Síria e o Hezbollah no assassinato em 2005 de Rafik al-Hariri, ex-primeiro ministro do Líbano.
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