Líder do Hamas diz que Gaza é apenas um 'marco para alcançar objetivo maior'

Falando em uma entrevista coletiva em Doha, onde vive exilado, Meshaal disse que o grupo nunca irá desistir das armas como parte de qualquer acordo

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Por AMENA BAKR
Atualização:
O Hamas também pediu que o Egito abra a fronteira de Rafah como um "gesto de irmandade" Foto: KARIM JAAFAR/AFP

O Hamas não irá deixar de fazer resistência a Israel até que todas as suas demandas sejam atendidas, afirmou o líder geral do grupo Khaled Meshaal na quinta-feira, acrescentando que o último conflito em Gaza foi apenas "um marco para atingir o nosso objetivo".

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Falando em uma entrevista coletiva em Doha, onde vive exilado, Meshaal disse que o grupo nunca irá desistir das armas como parte de qualquer acordo. Ele também disse que o comandante militar do grupo, atingido no início do mês em um ataque aéreo israelense, estava "bem".

"Você não pode conter a resistência, pois a resistência está em nossos pensamentos e em nossas almas (...) nossa resistência irá continuar até que todas as demandas sejam atendidas e estamos chegando mais perto da vitória e de al-Quds (Jerusalém)", afirmou.

"Isso não é o fim. Esse é apenas um marco para alcançar o nosso objetivo. Sabemos que Israel é forte e é ajudado pela comunidade internacional. Não iremos restringir nossos sonhos ou comprometer nossas exigências", disse Meshaal.

Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza com o objetivo declarado de conter os disparos de foguetes em direção a Israel e destruir os túneis supostamente utilizados pelo Hamas, que não reconhece o direito de existir do Estado de Israel, para adentrar o território israelense e realizar ataques.

O Hamas também pediu que o Egito abra a fronteira de Rafah como um "gesto de irmandade".

"As armas da resistência são sagradas e não aceitaremos que isso seja negociado", disse Meshaal.

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Falando ao lado de uma placa com o slogan "Uma nação construindo sua vitória", Meshaal classificou a trégua em Gaza como uma vitória para o povo palestino.

"Nosso inimigo só se sente pressionado quando está sendo atacado", disse. "Com nossos foguetes chegando lá, eles foram obrigados a negociarem conosco.".

Autoridades palestinas de Saúde dizem que 2.139 pessoas, a maioria delas civis, incluindo mais de 490 crianças, foram mortas no enclave desde o dia 8 de julho, quando Israel iniciou sua ofensiva.

O número de mortos de Israel é de 64 soldados e seis civis.

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O acordo de cessar fogo mediado pelo Egito passou a vigorar na noite de terça-feira. O pacto pede a suspensão por tempo indeterminado das hostilidades, a abertura imediata das fronteiras bloqueadas de Gaza com Israel e Egito, e a ampliação da área de pesca do território no mar Mediterrâneo.

Israel disse que facilitaria o fluxo de suprimentos e de ajuda humanitária e de reconstrução para o empobrecido território, caso a trégua seja respeitada.

Meshaal descreveu a condição do comandante militar do grupo Mohammed Deif como "boa", depois de ter sofrido uma tentativa frustrada de assassinato no início do mês.

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As brigadas Izz-el-Din al-Qassamm, braço militar do Hamas, disseram à época que Israel havia errado seu alvo e que a mulher de Deif e seu filho de sete meses foram mortos no ataque.

Acreditava-se amplamente que Deif estava por trás do comando da campanha militar do grupo islâmico a partir de bunkers subterrâneos.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se negou a confirmar se Israel tentou matar Deif, mas disse que líderes militantes são alvos legítimos, e que "ninguém está imune a ataques".

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