CAIRO - As principais nações da Liga Árabe concordaram nesta quinta-feira, 28, em apoiar o ingresso da Autoridade Nacional Palestina (ANP) nas negociações de paz diretas com Israel, mas disseram que isso deve ocorrer de acordo com a decisão do líder palestino Mahmoud Abbas.
Os chanceleres árabes endossaram a ideia de negociações diretas com os israelenses, mas o primeiro-ministro do Catar, o xeque Hamad bin Jassem al-Thani, disse que cabe ao líder da ANP decidir quando estabelecer o contato com o Estado judeu. "Não discutimos quando e como as negociações vão recomeçar. Cabe ao lado palestino decidir", disse.
A decisão de apoiar Abbas, que estabeleceu algumas condições para a retomada do diálogo direto, foi tomada mesmo com a pressão dos EUA e da União Europeia para que o processo fosse restabelecido. Os chanceleres ainda enviaram uma carta ao presidente americano, Barack Obama, explicando a posição do órgão sobre o assunto e expondo algumas condições.
Segundo al-Thani, os ministros originalmente apoiavam o retorno imediato da ANP às negociações diretas, mas dadas as tensões que o Oriente Médio vive atualmente, resolveram deixar a decisão para Abbas. "Confiamos nos que e no presidente Obama para chegar à paz, mas pode a paz ser atingida?", disse o chanceler catariano.
Israel
O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, emitiu um comunicado imediatamente após a divulgação da decisão da Liga expressando sua "disposição de começar o diálogo direto e franco com os palestinos nos próximos dias".
Nesta semana, a agência Associated Press obteve um documento palestino indicando que o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, disse que o presidente Barack Obama não poderia ajudar a ANP a estabelecer o Estado palestino se não ocorressem negociações diretas.
Abbas, porém, disse que antes quer ver progressos nas negociações indiretas que ocorrem sob mediação americana. O documento ainda alerta o líder palestino de que não aceitar as condições propostas pelos EUA seria um suicídio político.
Netanyahu se recusou a receber condições para entrar no diálogo. Ele disse aceitar a criação do Estado palestino sob algumas condições, mas disse que não abrirá mão de Jerusalém Oriental, um dos principais enclaves da região.