
30 de março de 2010 | 17h42
A coalizão Estado de Direito, de Maliki, está negociando uma possível união com a Aliança Nacional Iraquiana, que inclui o clérigo antiamericano Moqtada al Sadr. A aliança resultante teria a maior bancada no próximo Parlamento.
A fusão entre os dois blocos pode isolar politicamente a coalizão Iraqiya, do ex-premiê Iyad Allawi, que recebeu a maior votação na eleição do dia 7 de março no Iraque. O eventual acordo entre os xiitas deve, portanto, irritar o eleitorado sunita e agravar a divisão sectária no país.
Fontes ligadas a Sadr dizem que o clérigo não aceitará a recondução de Maliki à chefia de governo, refletindo ressentimentos por causa da repressão do governo à milícia Exército Mehdi, de Sadr, em 2008.
"Há uma grande preocupação entre nós porque a Estado de Direito está insistindo em nomear Maliki como primeiro-ministro", disse um candidato da Aliança Nacional, pedindo anonimato.
Graças ao apoio de boa parte do eleitorado sunita, o bloco laico Iraqiya conquistou 91 cadeiras no Parlamento, 2 a mais do que a Estado de Direito. O resultado apertado prenuncia várias semanas de negociações difíceis para a formação de um novo governo.
A minoria sunita do Iraque se sente politicamente marginalizada desde a queda do regime de Saddam Hussein, em 2003, que deu lugar a um governo comandado pela maioria xiita.
Fontes ligadas às negociações entre os xiitas dizem que o maior obstáculo a um acordo é como será escolhido o futuro primeiro-ministro. A Aliança Nacional quer a definição por meio de um acordo político, enquanto a Estado de Direito quer levar a questão a votação.
"Isso é inaceitável, porque eles têm 89 votos, e o candidato deles vai ganhar mesmo que eles indiquem um brinquedo", disse a fonte da Aliança Nacional.
Fontes da Estado de Direito afirmam ter demonstrado flexibilidade, mas que Maliki é o seu único candidato. "O primeiro-ministro não está insistindo em ser o candidato obrigatório antes do começo das negociações, mas é o único candidato da Estado de Direito", disse Ali al Alaq, líder do partido Dawa, que participa da coalizão.
A eventual fusão dos blocos xiitas levaria sua bancada para perto dos 163 deputados necessários para formar o governo.
Maliki fez concessões aos sadristas nos últimos dias, inclusive com uma oferta para libertar presos do grupo que estejam em penitenciárias iraquianas e norte-americanas.
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