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Moqtada al-Sadr diz que britânicos foram derrotados no Iraque

Para clérigo radical xiita, a violenta resistência obriga a uma retirada das tropas de Londres do país

Por Efe
Atualização:

O clérigo radical xiita Moqtada al-Sadr assegura que o Exército britânico já foi derrotado no Iraque e não lhe resta outra opção a não ser abandonar o país. A violenta resistência encontrada pelos britânicos e o número crescente de baixas entre suas tropas os obriga a uma retirada, afirma Sadr em declarações ao jornal The Independent. Veja Também Governador de província xiita é assassinado no Iraque   "Os britânicos jogaram a toalha e sabem que abandonarão em breve Iraque. Sem a resistência encontrada, teriam permanecido muito mais tempo, sem dúvida alguma", diz.   O fogoso clérigo lidera o Exército de Mehdi, cujas forças combateram os britânicos no sul do Iraque, ultimamente na batalha por Basra, porto fundamental para o setor petroleiro.   "Os britânicos compreenderam finalmente que esta não é uma guerra que devessem estar livrando e que não há forma de ganhá-la. E o Exército do Mehdi teve um importante nisso", afirma Sadr. O líder xiita adverte ainda que a participação do Reino Unido na invasão do Iraque não só pôs em perigo os soldados enviados a essa frente, mas também o próprio povo britânico.   "Os britânicos criaram inimigos entre os muçulmanos e enfrentam agora a ataques em seu próprio país por culpa da guerra. Este foi seu erro", afirma Sadr, entrevistado no quartel-general de seus homens, na cidade santa de Kufa.   Segundo o jornal, as afirmações do clérigo coincidem com as feitas em particular pelos chefes militares enviados pelo governo de Londres para revisar a situação no Iraque.   Estes chefes militares supostamente disseram ao primeiro-ministro Gordon Brown que não há nada mais a fazer no sul do Iraque e que seria conveniente enviar as tropas destacadas no local ao Afeganistão.   Enfraquecimento   No início do ano, o Reino Unido tinha mais de 10.000 militares em duas províncias do sul do Iraque, mas atualmente os efetivos somam 5.500, em sua maioria em duas bases: a do aeroporto de Basra e a do palácio dessa cidade.   Enquanto os britânicos foram reduzindo sua presença militar no Iraque, aumentou o número de baixas. Somente neste ano morreram 41 soldados dessa nacionalidade, contra 29 em 2006. Segundo Sadr, Basra seria um lugar muito mais seguro se os britânicos fossem embora.   "Continuará havendo problemas no sul do Iraque, haverá violência, porque alguns países tentam influir na situação", assinala o clérigo em suposta referência ao vizinho Irã, e acrescenta: "Uma vez terminada a ocupação do sul do Iraque, estaremos mais livres para viver nossas vidas como irmãos".   Segundo os colaboradores de Sadr, o mais importante é constituir uma frente nacionalista unida contra todos os "elementos estrangeiros" que operam no Iraque, sobretudo os americanos e a Al-Qaeda.   Al-Qaeda   Sadr elogia na entrevista os sunitas iraquianos que começaram a combater tanto a Al-Qaeda como os extremistas religiosos que matam civis.   Além disso, nega os recentes rumores de que teria fugido para o Irã, qualificando as notícias como uma mera propaganda usada pelos Estados Unidos para tentar desacreditá-lo. "Estamos em guerra, a América é nossa inimiga e temos o direito a aceitar ajuda de quem quer que seja. Mas não a solicitamos ao Irã", insiste.   Por outro lado, o clérigo comemora a recente decisão da ONU de ampliar sua presença no Iraque. "Apoiaria a ONU se viesse para o Iraque em substituição aos ocupantes americanos e britânicos", afirma.   "Eu pediria a meus seguidores que apoiassem a ONU sempre e quando viesse nos ajudar a reconstruir o país. Mas o que não deve ser é a outra cara da ocupação americana", assinala. Sadr prediz ainda que o Governo do primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, "não sobreviverá, porque demonstrou sua incapacidade para trabalhar com elementos importantes do povo iraquiano".   "Maliki é um instrumento dos americanos. Talvez os próprios americanos decidam trocá-lo quando perceberem que ele fracassou. Aqui não temos democracia, mas uma ocupação estrangeira", afirmou o clérigo.

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