Na Cisjordânia, papa defende criação de Estado Palestino

Bento XVI critica embargo israelense contra a Faixa de Gaza e expansão de muros e assentamentos

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Por Efe
Atualização:

O papa Bento XVI afirmou nesta quarta-feira, 13, em Belém que o Vaticano apoia categoricamente o direito dos palestinos a um Estado "na terra de seus antepassados, seguro, em paz com seus vizinhos e com as fronteiras reconhecidas internacionalmente". Em encontro com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, o pontífice "suplicou" a todas as partes envolvidas no "antigo conflito que deixem de lado qualquer rancor e percebam que ainda é possível caminhar pela estrada da reconciliação".

 

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"A Santa Sé apoia o direito de seu povo a uma pátria soberana palestina na terra de seus antepassados, segura, em paz com seus vizinhos, com as fronteiras internacionalmente reconhecidas. E enquanto esse objetivo parece distante, peço ao senhor (Abbas) e a seu povo que mantenham viva a chama da esperança", afirmou. Bento XVI defendeu ainda uma coexistência pacífica entre os povos do Oriente Médio, que só pode ser alcançada com um espírito de cooperação e respeito mútuo, e pediu à comunidade internacional que "use sua influência" em favor de uma solução.

 

Em pronunciamento com forte caráter político, o pontífice lembrou a frase de João Paulo II de que "não pode haver paz sem justiça nem justiça sem perdão". "Acredito que através de um honesto e perseverante diálogo, com pleno respeito às expectativas de justiça, será possível alcançar nestas terras uma paz duradoura", assegurou.

 

Junto ao pedido de um Estado soberano, o papa pediu aos jovens que "resistam" a recorrer a atos de violência ou de terrorismo e que se mostrem "determinados a conseguir a paz". "Não permitam que a perda de vidas e as destruições, das quais foram testemunhas, gerem amargura ou ressentimento em seus corações. Tenham a coragem de resistir a qualquer tentação de violência ou terrorismo. Ao contrário, atuem para que tudo que sofreram sirva de determinação para construir a paz", disse.

 

O pontífice, de 82 anos, expressou sua solidariedade aos palestinos, que sofreram "e estão sofrendo com as agitações que afligem sua terra há anos". "Meu coração se dirige a todas as famílias que ficaram sem casa, aos que choram a perda de familiares em ações hostis, particularmente durante o recente conflito de Gaza", afirmou.

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O papa também defendeu uma maior liberdade de movimento para os palestinos, com a permissão de ter contato com familiares e o acesso aos lugares santos. Mahmoud Abbas denunciou ao pontífice a ocupação israelense da Cisjordânia. "Nesta Terra Santa estão aqueles que continuam construindo muros de separação em vez de pontes, e que forçam muçulmanos e cristãos a abandonar esta terra", disse Abbas, que denunciou que "as casas são derrubadas e os terrenos confiscados". Durante a homilia, Bento XVI disse que seu coração "estava com aqueles atingidos pelo conflito em Gaza", e acrescentou "estar rezando pelo fim do embargo ao território palestino".

 

O presidente da ANP também ressaltou a necessidade de "dois Estados soberanos, que vivam um ao lado do outro, em paz e estabilidade, e pediu uma solução para o problema dos refugiados". "Queremos a paz e temos a esperança de que amanhã não haverá ocupação, postos de bloqueio, prisioneiros ou refugiados, mas somente convivência e bem-estar", disse Abbas, que mais uma vez reivindicou Jerusalém Oriental como capital da Palestina.

 

Depois de "implorar" a Deus por uma paz justa e duradoura, "em todos os territórios palestinos e em toda a região", Bento XVI celebrou uma missa para cerca de cinco mil pessoas na praça da Manjedoura, onde fica a basílica da Natividade. Entre os presentes estavam aproximadamente 50 católicos que vivem na Faixa de Gaza e receberam autorização das autoridades israelenses para assistir à missa.

 

Durante a missa, o patriarca latino de Jerusalém, dom Fouad Twal, disse que "a Palestina precisa de paz, justiça e reconciliação", e afirmou que enquanto existir o muro construído por Israel que os separa do mundo, "não será possível alcançar a paz". Após a missa o papa, visitará a Gruta da Natividade e um campo de refugiados.

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