Nações muçulmanas se dizem abertas a melhorar laços com Israel

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Por KHLAED YACOUB OWEIS
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Países muçulmanos reunidos na capital síria criticaram Israel nesta segunda-feira mas disseram estar abertos a melhorar as relações com o Estado judeu se este se mostrar disposto a um acordo de paz "justo e abrangente" no Oriente Médio. "Não devemos premiar Israel por seus crimes", disse um comunicado divulgado no final da reunião de três dias entre ministros de Relações Exteriores de 57 países da Organização da Conferência Islâmica (OCI). "Deve-se afirmar que qualquer progresso nas relações deve estar vinculado a em que medida a posição israelense representa um compromisso com uma paz justa e abrangente que garanta a restauração de direitos e a terra ocupada". O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deve discursar ao mundo islâmico, de Cairo, em 4 de junho. O Egito é um dos dois únicos países árabes a ter assinado um acordo formal de paz com Israel. A outra nação é a Jordânia, que afirma que Obama está formando um plano de paz no Oriente Médio que pode implicar na normalização dos laços entre Israel e todo o mundo muçulmano. As relações entre Israel e países muçulmanos são na maioria fracas, com exceções da Turquia, um país secular mas predominantemente muçulmano que mantém vínculos militares com o Estado judeu. A Síria, que apoia o grupo palestino Hamas e o movimento libanês Hezbollah, é um auto declarado campeão da "resistência" à ocupação israelense de território sírio e palestino. A OCI disse que este conceito é diferente de terrorismo. "O terrorismo é um fenômeno global perigoso, mas isso não significa que devemos permitir que seja usado para confundir temas e descrever a resistência como terrorismo", acrescentou o comunicado. PAPEL DA RÚSSIA Após anos de isolamento, o governo de Damasco considerou a reunião da OCI como uma vitória diplomática apesar da ausência do ministro de Relações Exteriores egípcio. O ministro de Relações Exteriores sírio, Walid al-Moualem, instou os membros da OCI a respeitarem o comunicado e disse que a Síria não retomará suas negociações de paz com Israel até que o Estado judeu acate as resoluções da ONU, que segundo a Síria, obrigam Israel a se retirar por completo das Colinas de Golã. Moualem advertiu que uma conferência de paz no Oriente Médio convocada pela Rússia não chegaria a nenhum consenso se Israel não aceitar claramente a iniciativa de paz árabe que oferece a normalização de laços em troca de uma retirada completa de Israel de território árabe ocupado. "Qual o ponto de tal conferência se Israel não se compromete às referências internacionais para paz?", perguntou. O ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, discutiu o encontro com autoridades sírias e se reuniu com o líder do Hamas, Khaled Meshaal, separadamente em Damasco. Um comunicado do Hamas indicou que Lavrov disse ao grupo que a Rússia espera que os palestinos, divididos entre o Hamas e a facção Fatah, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, sejam representados por uma única delegação na conferência de paz.

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