
01 de novembro de 2011 | 18h38
Keib passou décadas exilado como dissidente, lecionando engenharia elétrica. Suas origens familiares em Trípoli e os períodos passados nos EUA e em países do golfo Pérsico ainda estão sendo examinados por analistas em busca de explicações para a sua surpreendente eleição pelos membros do Conselho Nacional de Transição (CNT).
Alguns dizem que sua ligação com a capital serve como contraponto à influência de Benghazi, segunda maior cidade do país e berço da revolução. As rivalidades históricas entre o oeste da Líbia (onde fica Trípoli) e o leste (onde está Benghazi) são uma das muitas divisões existentes entre os 6 milhões de líbios - às quais se somam também divergências ideológicas, étnicas e tribais.
Outro fator que parece ter contribuído com a escolha de Keib é o fato de ele não ter participado do regime de Gaddafi, ao contrário do que ocorreu com Mustafa Abdel Jalil, presidente do CNT, e com outros dirigentes. Pesou a favor dele também ter permanecido na Líbia durante a guerra deste ano, ao contrário do seu antecessor, o premiê interino Mahmoud Jibril.
Keib recebeu os votos de 26 dos 51 integrantes do CNT, na segunda-feira. Jibril já havia anunciado a intenção de deixar o cargo assim que o país estivesse totalmente "liberado" - o que ocorreu com a morte de Gaddafi e o fim da resistência dos seus partidários.
De acordo com um cronograma estabelecido pelo CNT, Keib tem duas semanas para formar o seu gabinete provisório. No primeiro semestre de 2012, haverá eleições para uma Assembleia Constituinte.
Um dos desafios mais imediatos de Keib será controlar as milícias armadas que brotaram por todo o vasto e despovoado território líbio durante a guerra civil, além de buscar a reconciliação com os seguidores do antigo regime.
Membros do CNT e ex-colegas de Keib da época em que ele lecionava na Universidade de Trípoli, na década de 1970, descrevem o novo premiê como uma pessoa "tranquila e amistosa", e dizem que ele ajudou a financiar a rebelião anti-Gaddafi.
Keib não fez promessas específicas para os próximos meses, mas disse que as preocupações com o destino dos contratos petrolíferos com empresas estrangeiras são infundadas.
"Entendemos que tivemos 42 anos sob um ditador brutal (...), e que há preocupações. Mas não deveria haver", afirmou. "Exigimos respeito pelos nossos direitos nacionais."
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