
22 de abril de 2008 | 08h08
O número 2 da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, negou uma teoria conspiratória segundo a qual Israel foi responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. O vice de Osama bin Laden culpou o Irã e o grupo xiita Hezbollah pela versão, como forma de desacreditar os sucessos da sunita Al-Qaeda no confronto com os Estados Unidos. Os comentários refletem o crescente conflito entre Al-Zawahiri e o Irã. O líder do grupo extremista acusou recentemente Teerã de buscar ampliar seu poder no Oriente Médio, particularmente no Iraque e, através de seus aliados do Hezbollah, no Líbano. Al-Zawahiri falou durante duas horas em uma gravação, divulgada em um site militante islâmico nesta terça-feira. No áudio, ele respondia várias questões enviadas pela internet. Uma das perguntas tratava da teoria segundo a qual Israel atacara as Torres Gêmeas e o Pentágono, nos EUA, em 2001. Al-Zawahiri acusou a rede Al-Manar, do Hezbollah, de divulgar inicialmente essa versão. "O propósito dessa mentira é claro - (sugerir) que não há heróis entre os sunitas que podem ferir a América como ninguém mais na história. A mídia iraniana 'comprou' essa mentira e a repetiu." "O objetivo do Irã é também claro: encobrir seu envolvimento com a América em invadir as moradas de muçulmanos no Afeganistão e no Iraque", acrescentou. O Irã cooperou com os Estados Unidos na invasão no Afeganistão, em 2001. A Al-Qaeda já assumiu anteriormente a responsabilidade pelos atentados de 11 de Setembro. Mas as acusações de al-Zawahiri contra o Irã demonstram os crescentes conflitos do grupo com esse país, pouco mencionado nas mensagens até poucos meses. A retórica anti-Irã pode refletir uma tentativa de explorar os medos da maioria sunita da influência xiita do Irã na região, além de posicionar a Al-Qaeda como a principal força contra essa influência. A população iraniana é, em sua maioria, de etnia persa. Os muçulmanos xiitas são majoritários no país. Como costuma fazer em suas mensagens, Al-Zawahiri condenou a "invasão dos cruzados" no Iraque, referindo-se à coalizão liderada pelos Estados Unidos, no país desde 2003. Mas nesta última mensagem também condenou a "cumplicidade iraniana". A autenticidade do áudio não pôde ser confirmada de forma independente. Porém a voz era parecida com as últimas mensagens do número 2 da Al-Qaeda, e o local em que o áudio foi postado trazia o logo oficial do grupo. Al-Zawahiri também falou sobre possíveis ataques terroristas a nações ocidentais que participaram da invasão liderada pelos Estados Unidos ao Iraque. "Minha resposta é: sim! Nós acreditamos que qualquer país que se uniu à agressão aos muçulmanos deve ser dissuadido." O número dois criticou ainda o movimento radical islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, por sua aparente disposição em acertar um acordo de paz com Israel se um referendo validar as negociações, por ser contrário à lei islâmica. "Como podem fazer um referendo que viola a sharia?", questionou. Segundo o ex-presidente americano Jimmy Carter, o grupo estaria disposto a alcançar um acordo se este for aprovado por consulta pública. Posteriormente, a facção afirmou que o Hamas "não reconhecerá" o Estado israelense.
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