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Ocidente ataca forças líbias; Otan prevê missão de 3 meses

Por MARIA GOLOVNINA E MICHAEL GEORGY
Atualização:

Aviões de guerra ocidentais bombardearam veículos militares de Muammar Gaddafi no leste da Líbia nesta sexta-feira, na tentativa de romper um impasse no campo de batalha e ajudar os rebeldes a tomarem a estratégica cidade de Ajdabiyah. A União Africana anunciou que planeja facilitar as negociações para ajudar a pôr fim à guerra no país exportador de petróleo. Mas a Otan informou que sua operação na zona de exclusão aérea poderá durar três meses e a França advertiu que o conflito poderá não terminar tão cedo. Em Washington, uma porta-voz dos militares norte-americanos disse que a coalizão disparou 16 mísseis Tomahawk e fez 153 decolagens nas últimas 24 horas tendo como alvos a artilharia, forças automatizadas e infraestrutura de comando e controle de Gaddafi. Os governos do Ocidente esperam que as incursões, lançadas no sábado com o objetivo de proteger civis, mudem o equilíbrio de forças em favor da revolta popular mais violenta do mundo árabe. Em Trípoli, moradores relataram outra incursão aérea pouco antes do amanhecer de sexta-feira, ouvindo o estrondo de um avião de guerra seguido por uma explosão distante e disparos de fogo anti-aéreo. As forças rebeldes que se preparavam para um ataque na cidade de Ajdabiyah, de importância estratégica, dispararam várias salvas de artilharia contra posições do Exército depois que as forças de Gaddafi rejeitaram uma proposta de cessar-fogo. As forças de oposição na estrada para Ajdabiyah parecem mais organizadas agora do que nos últimos dias, quando a desorganização suscitava dúvidas sobre a capacidade deles de desafiar Gaddafi. Eles montaram bloqueios na estrada em intervalos regulares e a Reuters contou ao menos quatro lançadores de foguetes em caminhões -- armamentos mais pesados do que se via no começo da semana. A retomada de Ajdabiyah seria a maior vitória para os rebeldes do leste desde que a investida inicial rumo a oeste começou a recuar duas semanas atrás e as forças mais bem equipadas de Gaddafi os empurravam de volta para o reduto rebelde de Benghazi. Isso também sugeriria que os ataques dos aliados seriam capazes de ajudar os combatentes rebeldes a derrubar Gaddafi. "DUVIDO QUE SEJAM DIAS" Na sede da União Africana em Addis Ababa, o presidente da comissão da UA, Jean Ping, disse que planejava facilitar as conversações para ajudar a pôr fim ao conflito num processo que deveria terminar com eleições democráticas. Essa foi a primeira declaração proferida pela UA, que havia rejeitado toda e qualquer forma de intervenção estrangeira na crise líbia, desde que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) impôs uma zona de exclusão área na semana passada e os ataques aéreos começaram a bombardear alvos militares líbios. Em Bruxelas, porém, uma autoridade da Otan disse que o planejamento da operação na zona de exclusão área previa uma missão de 90 dias, embora o período possa ser ampliado ou encurtado conforme a necessidade. Os Estados Unidos, com operações militares no Iraque e no Afeganistão, anseiam em se retirar e desempenhar um papel coadjuvante na Líbia para preservar a unidade da aliança e manter o apoio de países muçulmanos para a intervenção com mandato das Nações Unidas. A França disse que a guerra pode se arrastar por semanas. "Duvido que sejam dias", disse o almirante Edouard Guillaud à rádio France Info. "Acho que serão semanas. Espero que não sejam meses." Guillaud afirmou que um avião francês destruiu uma bateria de artilharia das forças de Gaddafi perto da fronteira de Ajdabiyah, cidade do leste a 150 km de Benghazi. Ajdabiyah tem importância estratégica para os dois lados, já que domina a rodovia costeira rumo ao oeste. A despeito da estrutura aparentemente frágil do novo comando em planejamento e das ressalvas árabes com o uso da força, a operação continua a receber apoio para além do Ocidente. Os Emirados Árabes Unidos enviarão 12 aviões para participar das operações de aplicação da zona de exclusão aérea na Líbia, informou a agência estatal do país. O Catar já contribuiu com dois caças e dois aviões militares de apoio para ajudar neste esforço. E na ONU, enviados disseram que o Sudão discretamente concedeu permissão para o uso de seu espaço aéreo para as nações que mantêm a zona de exclusão aérea. (Reportagem de Mohammed Abbas e Angus MacSwan em Benghazi, Hamid Ould Ahmed e Christian Lowe em Argel, Tom Perry no Cairo, David Brunnstrom em Bruxelas, Phil Stewart em Moscou, Andrew Quinn em Washington, Catherine Bremer, Emmanuel Jarry e Yves Clarisse em Paris, Rosalba O'Brien em Londres)

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