Ocidente avalia retirar mais sanções do Irã para obter concessões na área nuclear

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Por JUSTYNA PAWLAK E LOUIS CHARBONNEAU
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Com o impasse nas conversações entre potências mundiais e o Irã sobre um acordo nuclear, governos do Ocidente estão considerando oferecer um afrouxamento significativo das sanções no processo de negociação para tentar conseguir concessões de Teerã, disseram diplomatas. Para ser eficaz, tal plano teria que envolver uma orientação clara para as companhias que se tornaram cautelosas por causa da imposição de multas pelos Estados Unidos por furarem as sanções, precisaria ser reversível e não avançar demais, caso contrário legisladores norte-americanos céticos quanto a um acordo simplesmente reimplementariam as sanções. A economia do Irã, membro da Opep - grupo de países exportadores de petróleo -, vem sendo devastada há anos por conta de sanções impostas devido a seu contestado programa nuclear, o qual países do Ocidente dizem parecer buscar a produção de uma bomba nuclear, ao passo que o governo iraniano afirma ter fins puramente pacíficos. As possibilidades de um acordo imediato, visando reduzir a escala desse programa em busca de alívio nas sanções, pareciam tênues nesta quinta-feira. Diplomatas disseram que as seis potências mundiais negociando com o Irã - Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha - estavam trabalhando nos termos para uma extensão das conversas, para além do prazo final de 20 de julho, em vez de buscar fechar um acordo agora. Se houver um acordo nas próximas semanas ou meses, o Irã pode ainda ter que esperar anos, ou até duas décadas, para ver a complexa teia de sanções permanentemente removida, disseram à Reuters diplomatas ocidentais. Em vez disso, dizem eles, os países ocidentais podem optar por um trabalho de etapas para suspender, em vários setores, sanções que podem ser facilmente reinstaladas caso o Irã renegue seus compromissos nucleares. A extensão dessas etapas seria equivalente às concessões de Teerã. “Quando o Irã faz algo, então podemos responder com alívio de sanções”, disse um diplomata, falando sob a condição de anonimato. “O processo todo levará anos." Qualquer alívio nas sanções de petróleo - estreitamente observadas pelos mercados -, dependerá do que o Irã oferecer de seu lado, e quando vai oferecer. Atualmente as sanções proíbem quaisquer importadores dos EUA e da Europa de comprarem petróleo bruto iraniano, além de imporem severas restrições em compras de outros países. Mas alguns diplomatas dizem que as restrições sobre o setor bancário do Irã podem ser afrouxadas em coordenação com outras indústrias, tais como de navegação marítima, por exemplo, para garantir que as companhias possam financiar qualquer comércio recém estabelecido. “Podemos ser flexíveis”, disse um destacado diplomata ocidental. Sem acesso a financiamento, o alívio às sanções pode não se materializar, levantando questionamentos sobre a credibilidade das potências mundiais e colocando em perigo a implementação do acordo, segundo os diplomatas. Companhias ocidentais estão ansiosas para entrar no Irã, um país com quase 80 milhões de pessoas e vastas reservas de petróleo. Mas os bancos têm sido relutantes em processar recursos oriundos do país, mesmo depois que a prática foi tornada admissível até certo ponto, sob um acordo provisório acertado entre Irã e as potências em novembro - o qual forneceu um alívio moderado nas sanções em troca de algumas concessões nucleares.

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