Ocidente critica Irã por teste de mísseis

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Por FREDRIK DAHL E PARISA HAFEZI
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O regime iraniano enviou sinais duros na quarta-feira aos seus inimigos externos, alertando sobre possíveis medidas judiciais contra a oposição e testando um míssil capaz de atingir Israel e bases norte-americanas no golfo Pérsico. Os EUA disseram que o lançamento do míssil Sejil 2 contradiz as alegações iranianas sobre suas intenções pacíficas e deve ser encarado com seriedade pelo mundo. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, afirmou que o teste reforça os argumentos por novas sanções contra o programa nuclear iraniano, que o Ocidente teme que esteja voltado para o desenvolvimento de armas nucleares - algo que Teerã nega. "Esta é uma questão de séria preocupação para a comunidade internacional e argumenta em prol de irmos na direção de mais sanções", disse Brown em Copenhague. Uma fonte de primeiro escalão do governo de Barack Obama disse sob anonimato que diplomatas das grandes potências envolvidas nas negociações nucleares com o Irã devem realizar uma teleconferência, possivelmente na terça-feira, para discutir as próximas medidas. Essa fonte disse que os seis países - EUA, China, Rússia, Grã-Bretanha, França e Alemanha - devem examinar "cada vez mais" as medidas de pressão a serem adotadas contra as ambições nucleares iranianas, e que o foco deve passar no começo do ano para o Conselho de Segurança da ONU. As autoridades iranianas minimizam as sanções. Um alto-funcionário do governo para questões energéticas afirmou na quarta-feira que as recentes medidas propostas por parlamentares dos EUA para restringir as importações iranianas de gasolina não irão funcionar. O Irã é o quinto maior produtor de petróleo do mundo, mas não tem capacidade de refino para atender à sua demanda, razão pela qual tem de importar 40 por cento da gasolina que usa. Na terça-feira, a Câmara dos EUA manifestou apoio a sanções contra empresas estrangeiras que ajudem a fornecer combustível para o Irã. O Senado ainda não se manifestou. "MUITOS INIMIGOS "Eles não conseguirão ter êxito", disse Hojjatollah Ghanimifard, vice-presidente de investimentos da Companhia Nacional Iraniana de Petróleo. "Temos uma longa lista de fornecedores de gasolina". O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, também reiterou o caráter pacífico do programa nuclear iraniano. "É verdade que a nação iraniana tem muitos inimigos, mas não precisa de uma bomba atômica para se defender", disse ele a uma TV dinamarquesa. "As armas nucleares não conseguiram salvar a União Soviética do colapso. O Irã se opõe a armas atômicas e apoia o desarmamento nuclear", afirmou. Analistas dizem que a crise política no Irã, provocada por uma contestada eleição em junho, destruiu as chances de uma resolução sobre a disputa nuclear. O ministro iraniano da Defesa, Ahmad Vahidi, disse que o míssil testado na quarta-feira não pode ser destruído por sistemas antiaéreos devido à sua alta velocidade e à capacidade de burlar radares. O Pentágono disse, no entanto, que o teste não revela novas capacidades militares do Irã. "Não vou entrar em detalhes sobre o que as nossas informações mostram, a não ser dizer que não acho que haja nada aqui que seja particularmente diferente do que temos visto no passado", disse o porta-voz Geoff Morrell. No início desse ano, o Irã disse que o Sejil 2 tinha um alcance de 2.000 quilômetros, o que o capacita para atingir Israel e as bases norte-americanas na região. Nem Israel nem os EUA descartaram o uso de ação militar se a diplomacia falhar em resolver a disputa nuclear. O Irã prometeu retaliar qualquer ataque. (Reportagem adicional de Reza Derakhshi e Ramin Mostafavi em Teerã)

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