Ocidente critica Irã por veto a inspetores nucleares

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Por FREDRIK DAHL E SYLVIA WESTALL
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Potências ocidentais acusaram na quarta-feira o Irã de tentar intimidar a agência nuclear da ONU ao barrar alguns inspetores nucleares, e os Estados Unidos alertaram a República Islâmica sobre possíveis consequências diplomáticas. O embaixador do Irã junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) reagiu, durante uma acalorada reunião do conselho de direção, dizendo que o diretor da entidade, Yukiya Amano, havia "entendido completamente mal os fatos", segundo diplomatas. O incidente marca uma piora nas relações entre o Irã e a AIEA, e aprofunda as preocupações do Ocidente sobre o programa nuclear iraniano, que Washington e seus aliados afirmam estar voltado para o desenvolvimento de armas, algo que Teerã nega. "As relações entre Irã e AIEA estão no pior nível em que já estiveram", disse um diplomata ocidental que participou da sessão a portas fechadas. "Soltanieh estava gritando", disse outro, acrescentando que Amano respondeu calmamente às críticas. Nesta semana, Amano irritou Teerã ao dizer ao conselho que a recusa do Irã em admitir o acesso de alguns inspetores experientes estava atrapalhando o trabalho da agência. O Irã diz que os dois inspetores barrados em junho haviam fornecido informações falsas sobre as atividades do país. O governo local alega ainda que barrar inspetores é uma prerrogativa sua sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), e que a agência tem mais de 150 especialistas para escolher. Glyn Davies, representante norte-americano junto à AIEA, disse que o Irã está fazendo um "claro esforço" para intimidar e influenciar os inspetores. "É algo sem precedentes que um Estado rejeite inspetores, porque eles reportam acuradamente ... o que veem e ouvem." Em nota conjunta, França, Alemanha e Grã-Bretanha manifestaram preocupação com a "perturbadora e repreensível" recusa do Irã em colaborar com a AIEA. Em 2006, o Irã já havia barrado um inspetor sênior da agência para o Oriente Médio, e em outras ocasiões também fez objeções a especialistas enviados ao país. Os EUA e seus aliados lembraram que o Irã pode sofrer punições diplomáticas caso mantenha sua recusa em colaborar com as inspeções, como já aconteceu em 2006, quando a direção da AIEA remeteu o caso ao Conselho de Segurança da ONU.

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