Olmert e Abbas negociam estatuto final de paz

Premiê israelense e presidente da ANP discutem medidas para a criação do Estado palestino independente

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Por Agências internacionais
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O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, reuniram-se nesta terça-feira e discutiram formas de estabelecer um Estado palestino independente e soberano ao lado de Israel, disse um porta-voz do governo israelense. "Eles conversaram sobre questões fundamentais, sobre como se chegaria a uma solução de dois Estados para dois povos", comentou David Baker, porta-voz do governo de Israel. Os líderes teriam negociado questões relativas ao estatuto final de paz entre as duas partes, informou a rádio pública de Israel. A emissora cita um funcionário israelense, que explicou que assuntos como a divisão de Jerusalém, as fronteiras do futuro Estado palestino e uma solução para o problema dos refugiados estão entre os temas centrais das conversas entre os negociadores dos dois dirigentes. A rede de televisão catariana Al Jazira informou que israelenses e palestinos estudam uma minuta para o estabelecimento de um Estado palestino. Segundo o canal, as duas partes estariam a favor de que o Monte do Templo - onde fica a Mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém - seja controlado por uma autoridade que represente as três grandes religiões monoteístas. A proposta incluiria o controle por Israel dos bairros judeus de Jerusalém e que os árabes passassem ao Estado palestino. De acordo com a Al Jazira, a proposta não menciona uma solução ao problema dos refugiados palestinos. Foi definida ainda a criação de um comitê integrado por Israel, ANP, Egito e Estados Unidos para impedir o contrabando de armas da Península do Sinai à Faixa de Gaza. Quanto aos postos de controle militares israelenses na Cisjordânia, Baker indicou que o primeiro-ministro de Israel deve apresentar "em breve" um plano que "traçará mecanismos de segurança para garantir a liberdade de movimento entre as cidades da região". Segundo a fonte israelense, a iniciativa prevê que o Estado de Israel continue com os assentamentos na Cisjordânia, em troca de entregar aos palestinos outros territórios para a constituição do futuro Estado. Tempo perdido Na véspera do encontro com Olmert, Abbas disse que a conferência internacional seria uma perda de tempo se Israel insistir em buscar apenas uma vaga "declaração de princípios". Analistas dizem que Olmert, enfraquecido por problemas internos e pelos erros da guerra do ano passado no Líbano, não tem pressa para tratar dessas questões em profundidade, já que correria o risco de provocar divisões no seu gabinete, que inclui a ultradireita. Abbas e Olmert reuniram-se em diversas ocasiões ao longo dos últimos meses em meio a uma iniciativa para fortalecer a posição do líder palestino na disputa de poder entre as facções rivais Fatah e Hamas nos territórios palestinos. Abbas pertence ao Fatah. Num sinal da pouca expectativa que o encontro desperta entre os israelenses, o Yedioth Ahronoth, jornal mais lido do país, relegou o encontro Olmert-Abbas a um texto na página 8. Muitos palestinos acusam Olmert de não ter cumprido promessas de encontros anteriores, como uma revisão das restrições aos deslocamentos dos palestinos e o fim de alguns postos de controle na Cisjordânia. Citando razões de segurança, o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, rejeitou o fim imediato dos bloqueios rodoviários. "O primeiro-ministro [disse a Abbas] que em breve vai apresentar um plano que está sendo preparado pelas instituições de segurança israelenses e que permitiria a liberdade de movimento entre as cidades da Cisjordânia", disse Baker após a reunião de terça-feira. Reação do Hamas O grupo islâmico Hamas, rival de Abbas que em junho expulsou as forças dele da Faixa de Gaza e desde então controla esse território palestino litorâneo, disse que o novo encontro foi mais uma tentativa para isolar o grupo. "A reunião vai terminar em completo fracasso. Tais encontros nunca poderão alcançar nada enquanto a ocupação israelense continuar negando os direitos do nosso povo e continuar sua agressão contra ele", disse Sami Abu Zuhri, dirigente do Hamas. O grupo islâmico sofre isolamento do Ocidente e de Israel por sua recusa em reconhecer a existência do Estado judeu, renunciar à violência e aceitar acordos de paz prévios.

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