VIENA- O movimento de oposição iraniana se adaptou a duras restrições e ainda é forte, disse nesta terça-feira, 15, a prêmio Nobel da Paz Shirin Ebadi, após pedir maior atenção da comunidade internacional sobre o que chamou de "amplos" abusos dos direitos humanos.
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Milhares de pessoas foram presas e ao menos 30 morreram durante os protestos após as eleições do ano passado, reprimidos pelas autoridades.
A oposição afirma que o resultado do pleito foi manipulado para dar vitória ao atual presidente iraniano, o conservador Mahmoud Ahmadinejad. As autoridades, por sua vez, afirmam que as eleições de junho passado foram as mais justas realizadas no Irã em três décadas.
"Os incidentes violentos (contra a população) têm aumentado e qualquer um que esteja nas ruas é preso (...). Por causa disso, as manifestações tomaram outra forma", disse Ebadi em um painel de discussão em Viena.
"Só porque há menos pessoas nas ruas, isso não significa que o movimento foi debilitado, mas sim que as críticas tomaram uma forma distinta", afirmou a ativista, com a ajuda de um tradutor.
Ebadi deu como exemplo mães de manifestantes que se reúnem, vestidas de negro, e mostram fotos de seus filhos.
Partidários da oposição têm se voltado mais à web, publicando fotos e vídeos como outro meio de suas posições serem escutadas, disse a iraniana.
"Quanto mais violentos são os atos contra o povo, mais revoltados eles ficarão e o governo será enfraquecido", advertiu a ativista, que deixou o país antes das eleições por ter sido intimidada pelo governo de Teerã, segundo ela.
O Irã foi repreendido na terça por 56 países do Conselho de Direitos Humanos da ONU pela repressão das manifestações após as disputadas eleições presidenciais.